a minha febre
Quem me dera ser ignorante,
passar pela vida contente.
O pouco que sabe é bastante
e o nada que é não o sente.
Quem me dera perder o que tenho,
ter só o que posso tocar,
ser parte do fútil rebanho,
que parte o que tem a pastar.
Quem me dera ser tão comum,
tão nulo do meu coração,
trocar os meus sonhos por um:
sonhar que só tenho razão.
Quem me dera saber ser feliz,
sem medo, sem mágoa escondida,
ser fruto da minha raiz,
ser morte desta minha vida.
Mas eu não sou verdadeiro,
tenho emoções nos meus ossos!
Quem me dera ser eu por inteiro
e não o que eu sou em destroços…