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Dezembro, 2015
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ter dito companheira

Comentários fechados em ter dito companheira poesia

Deixei cair o meu olhar no teu vestido
e senti o cheiro do teu cabelo,
fui a sítios aonde nunca tinha ido
e toquei o teu corpo só de vê-lo.

Descobri que eras feita de incertezas,
todas elas mais confusas do que a vida.
Dissolvi o meu corpo de impurezas
e desejei que fosse minha a despedida.

Mas, por obra do destino, tu voltaste
daquele sítio para onde tinhas ido
e, ao voltares, voltou tudo o que levaste
e eu voltei a despir o teu vestido.

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a dor de quem tem

Comentários fechados em a dor de quem tem poesia

A dor de quem tem o nosso coração
dói mais do que a dor que inventamos
para sofrer.
Pode doer-nos o corpo,
da cabeça aos pés,
da pele aos ossos,
pode até doer-nos a dor de um amor falhado,
não amado,
fracassado,
esfarrapado
ou a dor de um ser perdido,
perdido,
perdido,
simplesmente, perdido,
pode, dói,
claro que dói,
muito,
mas esse muito é demasiado pouco
para o tamanho da dor
de quem tem o nosso coração.
E esse alguém não somos nós, claro que não,
o nosso coração
nunca é apenas nosso
e, quando é
(nas poucas vezes em que é),
dói e deixa de doer
ou dói e deixa-se morrer.
Mas, quando o nosso coração
está em quem sofre sem invenções,
que é sem saber, sem querer ou não querer,
sem pensar, sem estar, sem ter,
tendo mais de muitos corações em apenas um,
que é o nosso,
quando isso acontece,
a dor é-nos mais forte,
mais amor,
mais corte,
mais morte,
mais dor.
A dor é-nos mais dor.
E, quando quem a sente,
não a sabe dizer
nem escrever
nem ladrar
nem miar,
faz, do silêncio à deriva,
fraqueza,
motim,
solidão.
E nós, com esta dor em carne viva,
que é mais carne,
que é mais dor do que a tristeza,
que é mais viva,
que é mais vaga em incerteza,
sofremos desta forma estando assim,
não sabendo se é a norma ao ver o fim
em quem tem o nosso fraco
coração.

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