o lugar onde não nasci
Não nasci nos Marrazes. Os meus pais não nasceram nos Marrazes. O meu irmão também não. Ninguém da minha família. Mas não me sinto de outro lugar. Sendo de algum, sou deste. Porque este lugar recebeu-me, deu-me casa, deu-me amigos e deu-me clube. O meu clube deu-me escola. O meu clube é muito mais do que duas balizas e uma bola. O meu clube é ir sempre, esteja a torrar ou a chover, é saber ganhar e aprender – embora com forte resistência – a perder, é entrar a pés juntos quando tem de ser. E pouco disto tem que ver com futebol. Não nasci nos Marrazes. Mas não me vejo noutro lugar que não no círculo central do velho pelado, número 7 nas costas e corvo coladinho ao lado esquerdo do peito. O meu clube faz hoje anos. Eu, não fazendo, mas sendo quem sou graças a ele, faço também.