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Setembro, 2022
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lurdes, a operária fabril

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Diante dos nossos olhos (e ouvidos), Lurdes, operária fabril. Segundo vídeo da Rua Saramago, com produção de Neide Simões e realização de Andreia Mateus.

Município de Leiria | Leiria Cultura | Semlimites Produções

Vídeo aqui

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ferreira, o agricultor

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Fui para a rua ouvir Saramago. Levei livros, trouxe gente.

O senhor Ferreira trabalha a terra, é agricultor. É ele o rosto e a voz e as mãos do primeiro vídeo deste meu novo projecto, Rua Saramago. Cinco vídeos de cinco pessoas de Leiria lendo o nosso Nobel no exercício das suas profissões. Produção de Neide Simões, realização de Andreia Mateus. Palavras de Saramago.

Vídeo aqui.

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rua saramago, o princípio

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Este sábado, todas as ruas de Leiria vão dar à Rua Saramago.

Às 15h, na Biblioteca Municipal Afonso Lopes Vieira, em Leiria, apresento o meu novo projecto feito de palavras do nosso Zé e de gente da nossa cidade.

Vídeo-teaser aqui.

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magia com os pés

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Foi bonito voltar. E cansativo como o raio. Já não me lembrava da necessidade de correr para jogar à bola. Em boa verdade, já não me lembrava da necessidade de saber jogar à bola para jogar à bola. A bola estava vazia, era isso. E não tinha as dimensões adequadas para a prática do futebol de elite que se esperava ver no Campo nº1 da Aldeia do Desporto do Sport Clube Leiria e Marrazes. O relvado também não estava em condições, claro que não. Era relvado, eu sou vedeta é em pelado. No entanto, houve rasgos de magia, em particular quando a bola desapareceu uma série de vezes para o pinhal, e rasgos de um ou outro músculo que agora não se acusa mas que amanhã, ao acordar, vai dizer bom dia aos gritos. Foram, aliás, gritos, estes de entusiasmo e de regozijo (bem, talvez tenham sido todos de espanto), que eu ouvi depois de, na sequência de um cruzamento milimétrico vindo da ala direita, eu ter efectuado um exímio movimento técnico de cabeça que fez a bola balançar as redes. Sem hipótese de defesa. Incrível. Primeiro golo de cabeça que marquei na vida. Primeiro golo do primeiro treino do regresso das Velhas Guardas do clube da minha vida. Foi bonito voltar. Obrigado a quem me recebeu – e a quem compreendeu esta minha forma muito peculiar de fazer magia com os pés.

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a partícula de deus

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O sistema de senhas do Hospital de Leiria é um dos grandes mistérios da Humanidade. E ainda bem. Porque, tendo em conta as horas de espera naquelas cadeiras de plástico viradas para um ecrã a mostrar como lavar as mãos, sempre vamos ocupando a cabeça a tentar decifrar este enigma da ordem de chamada. A minha senha M0288 foi chamada antes da senha M009 e depois da senha M978152726388. A culpa é minha, eu sei. Eu é que ainda não percebi a razão para este complexo sistema de funcionamento de anunciação, anunciamento, anunciamentação, sei lá, estou cansado, do número da senha. Certamente, há uma organização perfeita, funcional, eficiente, produtiva, prolífera, profícua, válida, resumindo, ao calhas que explica isto. Eu é que não percebo – e estava ali para tratar do ombro, não da cabeça. Na verdade, nem eu nem ninguém percebe. E é essa incompreensão de algo que deveria ser facilmente compreendido que faz com que eu aplauda este sistema de senhas todo ninja criado pelos génios da informática hospitalar. As pessoas estão ali sem fazer nada, horas e horas e horas e horas à espera de uma consulta de cinco minutos para ouvirem ah dói-lhe o ombro?, então temos de tratar disso, muito obrigado, senhor doutor, novidade do caralho, ponha gelo e tente não tocar onde lhe dói, vamos fazer análises, a próxima consulta é já em 2025. Bem, já estou a escrever demasiado e o meu ombro já está a gritar, estou velho, mas as pessoas também e estão ali à espera. Então, fazem um sudoku da compreensão do mecanismo inteligentíssimo de senhas. Em vez de tirarem um curso e irem para o CERN tentar decifrar a partícula de deus, arranjam uma tendinite e vão para o hospital tentar decifrar a partícula do totoloto das senhas. Bem, vou aproveitar e tirar senha para Psiquiatria.

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a obrigação da felicidade

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Sou obrigado
a ser feliz.

Toda a gente,
em todo o lado,
me diz
que tenho a obrigação
da felicidade.

Eu acho que não,
que não tenho obrigação
de nada,

muito menos
dessa coisa inventada.

Não tenho de a ter
nem de a procurar.

Mas até que gostava,
assim sem a saber,

de a encontrar.

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tantos que são ninguém

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Tantos que são
ninguém.
Quem?
Eu não.

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