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Dezembro, 2022
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o meu sonho sempre foi

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O meu sonho sempre foi ser o meu pai. Ainda é. Ele ainda está. E eu ainda sonho. Mas o tempo passa e eu, por obra e graça de alguém ou de ninguém ou, sendo de alguém, será de mim, sou tristonho. Talvez por eu ser, talvez de nascença, assim. Qualquer parecença com o meu pai é só coincidência. Ele fica e vai com a mesma urgência de viver. Ele existe, luta, também cai, mas não se deixa vencer. Não por ser super-herói, mas por transformar tudo aquilo que lhe dói em alegria, por vezes aparente, como é vulgar acontecer, mas numa espécie de magia de ficar contente, sem doer. Nem um ai. Nem um André. O meu sonho sempre foi ser o meu pai. Ainda é. E ele ainda está. Um dia, serei. Só não sei quando será. Quando for, que, entre mim e o meu pai, tudo o que há é amor.

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encontrando ausência

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Podia ir lá para fora,
mas não vou.
Mas parece que estou lá agora,
mas não estou.
Como se fosse
sem sair daqui.
Fui eu que me trouxe
ou fui eu que me fugi?
Como se estivesse
num e noutro lugar
e não pudesse
lá estar.
Sou assim
em permanência,
procurando por mim,
encontrando ausência.

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se um dia a juventude

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Se um dia a juventude voltasse
e me dissesse «voltei»,
talvez eu a olhasse,
a despisse, a beijasse
e ficasse onde fiquei.
Ela veio e eu falei
com ela como se fosse
uma conversa vulgar.
Ela voltou e só trouxe
o que eu sabia lembrar.
Tudo o resto ficou
lá no lugar do passado
onde também está quem eu sou
e não só o lembrado.
Que lembrança ficou de mim,
desta lembrança que agora
me deixa perto do fim
por ouvir «fui embora»?

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nenhum deles voltou

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No mesmo avião, foram 26 jogadores. No mesmo avião, voltaram 14. A ganhar o Mundial, para festejar e para receber aplausos e notas, teriam voltado, no mesmo avião, os mesmos 26 jogadores que partiram. Perdendo o Mundial, voltaram apenas os que se sentiram verdadeiramente derrotados, verdadeiramente nobres. Os outros, certamente desolados, coitadinhos, ficaram tristes, tão tristes, a festejar no lugar onde nenhum deles perdeu, porque nenhum deles voltou.

Imagem: Fauzan Saari

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sempre só com ele

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Não é por não marcar nem por não jogar como jogava. É por festejar e por chorar como sempre o fez: sozinho. Nunca foi pelas equipas nem pela Selecção, sempre foi só por ele. Ronaldo existe sozinho. Sempre existiu. Para ele, os outros não existem. Por muito que tenha contribuído para o sucesso das equipas e da Selecção, ele sempre existiu só para ele. Por isso é que, festejando ou chorando, ele nunca está com os outros. Está sempre só com ele. E ele está como sempre esteve: sozinho.

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