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Março, 2023
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a biblioteca de estaline

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Este livro humaniza Estaline? «Humaniza, sim. Claro que há um perigo nisso.» As palavras são de Geoffrey Roberts, autor do livro «A Biblioteca de Estaline».

Ora bem, este livro humaniza Estaline porque Estaline era um ser humano. Tal como Hitler, Mussolini e Putin. Tal como Jesus, Mandela e Gandhi. Todos seres humanos. Nenhum deles monstro, nenhum deles anjo. Nenhum deles feito de outra matéria que não aquela de que também nós somos feitos. Todos. Humanizar é ver, compreender e aceitar quem somos. Por muito que nos custe, não há ninguém que não seja como nós. O perigo é pensarmos que sim.

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dentro de uma palavra só

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O meu gato tem um talento incrível para fazer asneiras. Ainda agora acabou de atirar um cesto com a minha carteira, os meus óculos de sol e uma caneta ao chão. Foi para cima da mesa na bisga porque eu não recebi com amor aquelas catanadas dos seus dentinhos nos meus braços. E depois deita-se aos meus pés a exigir mimo. Coitadinho do Vitorino, ele só quer brincar, e isso é amor. Sim, Vitorino, é o nome dele. Sim, é nome de gente. E ele é um gato. Peço desculpa por não lhe ter dado nome de gato. Riscas, Pantufas, sei lá… Para mim, ele, sendo gato, é gente. Por isso é que lhe dei o nome de Vitorino. Gosto do nome. Tem canção, não sei. Tem duas vogais que se repetem alternadamente. Vi. To. Ri. No. É como se fosse um poema dentro de uma palavra só. Tão lindo, um poema que, por vezes, parece um Panzer a varrer um campo de flores. Este pequeno búfalo faz hoje sete anos, e já tinha idade para ter juízo. Só tem idade, que juízo nem vê-lo. Amo este sacana.

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mais uma memória

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1987. Vim para Leiria em 88. Com três anos, ainda não bebia cerveja. Pouco faltava. Com quinze, começava a sair e a beber. Só um bocadinho, mãe. Shots, que estupidez, que saudades. E uma imperial. Outra. Mais outra. Nos Filipes, claro, o lugar mais rock n’roll da minha adolescência que ainda é, com a mesma música que ainda oiço e que ainda me faz regressar àqueles tempos de gel no cabelo e de Pink Floyd na televisão. Another brick in the wall. Mais uma memória. O Alvim a passar discos, os Placebo nos ouvidos e tanta gente de tanto lado que se tornou amiga e que ainda é. O Filipe, o senhor Manel, a Inês, a Joana, a Maria João, o Gil, o André. Com 38, ainda cá estou. Mais uma cerveja, que tudo aquilo de que me lembro é tanto daquilo que me criou.

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tudo em todo o lado

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Ainda não vi «Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo». Mas vi «Indiana Jones e o Templo Perdido» mais de duzentas vezes. Sem exagero. Quando andava na quarta classe, chegava a casa, pegava na cassete VHS e via o filme. Todos os dias. Todos. Os. Dias. E obrigava toda a gente que estivesse comigo a ver o filme também. Sei as falas de cor. Os gritos, as danças, os sustos, os arrotos, um, de um tipo após chuchar um escaravelho ao jantar, os abraços. Voltar a ver o miúdo a abraçar o Indiana Jones é voltar a ser o miúdo que andava na quarta classe, que chegava a casa, que pegava na cassete VHS e que via o filme. Todos os dias. E tomar consciência de que isto da vida passa rápido como o raio. «Fortune and glory, kid. Fortune and glory.»

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