contentamento e cagufa
Contentamento e cagufa. É o que sinto sempre que subo a palco para falar sobre mim ou sobre o que eu faço – nem sempre o que eu faço é sobre mim. Fico contente por me darem voz e por a quererem ouvir. Fico a tremer por me darem voz e por a quererem ouvir. Acho sempre, sem falsas modéstias e sem estar aqui a pedinchar elogio, que vou falhar perante os outros e que, sei lá eu porquê nem com que fundamento, irei ser desmascarado – afinal o gajo não sabe escrever, afinal é igual aos outros, afinal é só uma carinha laroca com uns lindos olhos azuis a temperar um incrível corpo escultural. Ontem, senti contentamento e cagufa. Por ter falado sobre mim e sobre o que eu fiz, o meu Lágrima, e por ter estado tanta gente de quem tanto gosto, da plateia ao palco, a ouvir-me e a querer saber de mim – e do que eu faço. Obrigado. Tremo, mas sorrio.