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a minha luta

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É aqui dentro que estou. Desde pequenino, talvez desde o parto, que esta é a casa que me existe nas entranhas de todos os sítios vitais do meu corpo: da mente, do coração, dos pulmões, do estômago, das pernas, das mãos, dos olhos, da placenta. Raras vezes saí, muitas vezes tentei sair, bati à porta, bati na porta, abri a porta e fechei a porta. A porta abriu-se, partiu-se, fechou-se, sem qualquer vontade própria, fui eu que a abri, que a parti, que a fechei. E sou eu que continuo a fazer tudo isso a uma porta de madeira velha de uma casa de tijolo e cimento e crenças. Por medo de sair, por medo de não voltar a entrar, por medo de decidir, não decido e não faço nada, além de abrir a porta, partir a porta e fechar a porta. Fico dentro. A minha luta tem sido esta, sair. Mesmo com medo de tudo o que possa estar além-fora desta porta. Dentro de outra casa qualquer.

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