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a minha madrinha

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Desde aquele dia que o meu maior objectivo de vida mudou. Desde aquele dia que, em primeiro lugar, não está o meu sucesso como artista, a minha felicidade como homem ou a minha bebedeira no Marquês todos os anos até ao fim dos meus tempos. Desde aquele dia que o meu maior objectivo de vida é fazê-la rir. Tudo o resto vem depois. Se lhe provocar um riso, um simples esgar de felicidade que lhe aliene do espírito do lugar onde o espírito está, fico feliz. Sempre que falo com ela, sinto o ar pesado pela presença de quem ela já não tem, mais pesado comigo pelas parecenças que eu e ele tínhamos. Sempre que falo com ela, sei que ela fala, também, com ele. Sempre que falo com ela, sei que falo, também, em nome e em voz dele. Aquele dia foi o dia em que ele morreu. Ele é, porque nunca nenhum deixa de ser, o filho dela. Ela é a minha madrinha. A minha madrinha é, por tudo o que nunca conseguirei dizer, minha mãe também. Eu não sou o filho, mas sim o palerma que a tenta trazer à tona do mundo através de um dos mais primários reflexos humanos, o riso. Isso não faz de mim absolutamente nada, mas faz dela uma mãe que ri. Que é assim que todas as mães deveriam ser. E esta minha, apesar de longe e apesar de não ser de verdade, é a mãe mais bonita que eu – que o meu primo – poderia desejar.

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