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não chorei, claro que não

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Não chorei, claro que não. Eu sou lá gajo de choradeiras. Este puto, que este domingo deixou a bola, é o puto que, há mais de trinta anos, me deixou na pré-primária para ir para a escola dos maiores. Naquele dia, eu chorei. Neste, não chorei, claro que não. Nem disfarcei nem nada. Nem me lembrei das futeboladas de rua, com pedras a fazer de baliza. Nem dos passes teleguiados deste menino para os golos deste puto. Há provas. O meu pai filmou alguns jogos ao lado do pai do Miguel. E as mães ao lado uma da outra. Só partilhávamos um ano por escalão. Ele descia a equipa, eu subia. Miguel, sabes que é verdade. Mas também é verdade que ele dava uma magia diferente àquela magia que é o futebol. Mesmo em campos de terra, com linhas tortas, sem relva. À homem. À garoto. Não conheço ninguém que não goste do Miguel. Também não me lembrei da escola. Nem dos copos. Não vale a pena falar disso agora. Felizmente, não há provas. Só tive um clube, o Sport Clube Leiria e Marrazes. O Miguel teve outros, mas só teve um. Este clube deu-nos família. Eu já tinha, e ainda tenho, o Miguel.

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