não digo
Sou contra o não digo. Sou contra a boca calada e os dedos inertes. Sou contra o silêncio em estado, mesmo que noite. Sou contra a folha em branco, mesmo que carta. Sou contra a ausência de palavras. Sou contra a ausência. Contra. Ausência. Palavras. Sou contra o nada, mesmo que vazio. Mesmo que alegre. Sou a favor do coração na boca e nos dedos. Sou a favor do barulho no silêncio e na folha. Sou a favor da palavra. Sou a favor do tudo, mesmo que excesso. Mesmo que triste.
Que seria a vida sem a palavra para a dizer? Que seria a palavra sem a vida para a ser? Até na morte, quando a palavra é mais ausente do que a vida, é a palavra a única coisa que nos resta para dizer despedida.