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o esquecimento

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Não nos ensinaram o esquecimento. Nem os professores, nem os pais, nem os amores. Só os ais que vamos berrando enquanto a vida nos vai mostrando o que é a vida. Ora coisa lembrada, ora coisa esquecida. E, num instante, durante, somos nada. Esquecemos. Deixamos de lembrar. Queimamos o que aprendemos, sabemos, conhecemos, não por nossa vontade, mas pela triste fatalidade do deixarmos de estar. O meu tio esqueceu. Não sabe quem é ninguém – parece, não sabe quem sou eu – esquece. No lar, refém da cadeira e da vida, já não tem a brincadeira que tinha antes da despedida. Não tem olhar no olhar nem estado na forma de estar. Está assim, parado, pertinho do fim de ter estado. E eu olho para ele, do lado de fora, vejo uma espécie de frio, vejo e não vejo o meu tio, ele está mas já foi embora. O meu tio esqueceu. Não é dele este lamento. Lembra pouco, talvez demasiado, o que viveu, e sofrem outros como eu por não lhes terem ensinado o esquecimento. São lamentos meus, não do meu tio. Digo-lhe adeus do portão. Ele sorriu. Também o meu coração.

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