o meu pai
O meu pai é o pai que eu gostaria de ser. Não sou ainda, falta-me ser pai, falta-me ser bom, falta-me ser feito do jeito que ele tem para estar, sorrir, brincar e sorrir, já disse sorrir? já disse brincar? Gostaria de ter a alegria que ele tem em tudo o que é. Mas sou o André, não sou o meu pai, Manuel José. E ainda bem que ainda não sou, assim terei o meu pai para sempre, sempre que fico, sempre que vou, e ele sempre comigo, que me é pai, que me é amigo, que me é tudo o que não consigo escrever. Não fosse o meu pai e eu não seria metade. Não fosse o meu pai e eu já teria perdido a vontade de ser feliz, de acreditar que a felicidade tem a sua raiz no nosso comportamento. Eu tento, o meu pai consegue. E a minha vida segue com a vida dele. É do meu pai que eu herdei aquilo que eu ainda não sou. Diria que a felicidade não me calhou. Mas digo que sim, que a felicidade já me aconteceu, a mim, e ela insiste e já não me sai. Tenho quem me fez eu, quem me existe, tenho o meu pai.