na espuma dos dias banais
Não é o sermos proibidos de estar com outros, é o sermos obrigados a estar connosco. Fechados em casa, abertos em nós mesmos, completamente escancarados, com ventanias de pensamentos a entrar-nos pelas portas e janelas da nossa casa. Vulneráveis a nós mesmos, ao que nos inquieta que nos navega no subterrâneo rio que vamos conseguindo ignorar na espuma dos dias banais. Não é o confinamento dos outros, é o encontro connosco. É o sermos obrigados a ser o que realmente somos. E a ver, a tocar, a falar, a ouvir, a cuidar de nós. Os outros vão-nos tendo, e sendo, sempre que nos ignoramos. Nós vamos vivendo, e crescendo e morrendo e renascendo, sempre que temos a coragem de estarmos, e sermos, com quem somos. Custa, faz doer. Mas custa mais o vazio, o deixar correr o rio, o não ser.