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professora-lágrima

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Sem ela, eu não seria eu. Não seria, pelo menos, este que escreve a vida desta maneira e que só encontra maneira de viver escrevendo. A professora Madalena é a minha professora primária. É, nunca vai deixar de ser. Foi ela quem me ensinou a escrever e a ler e a contar e a respeitar. Mas ensinou-me muito mais do que aquilo que eu aprendia naquela sala de rés-do-chão da Escola Primária dos Marrazes. A vida. Acho que foi o que a professora Madalena mais me ensinou. A vida. No seu estado mais puro de respeito, carinho, disciplina, amizade e sonho. Há quase 30 anos, era eu um ruço tímido caixa de óculos sentadinho quietinho na sua cadeira a ver a letra bonita da professora escrever Lição número qualquer coisa, Dia tal, do mês tal do ano antigo de 1990 e tal, Sumário. E eu sentadinho quietinho, a aprender. Este ano, pedi-lhe que trocasse o quadro negro pelo meu livro. Em vez de Lição, Dia, mês, ano ou Sumário, pedi-lhe, apenas, que escrevesse lágrima. E a minha professora, de mão tremida, escreveu. E eu, de coração tremido, li. Hoje, essa palavra, com essa caligrafia, está escrita no quadro negro da capa do meu livro. Quem me ensinou a escrever (e a ler e a contar e a respeitar) merece o melhor lugar no lugar das minhas palavras.

Lágrima, a triste odisseia de um homem feliz. À venda em Dezembro. Já disponível em pré-reserva.

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