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ao fundo, os tambores

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Já não saía de casa há 14 dias. Finalmente, estava a ver que nunca mais. Mas vi, e nunca mais. O entusiasmo da saída deu lugar ao medo da saída. Já não sabia o que era a rua, receava ter desaprendido de caminhar e receava ter receio das pessoas. Tentei não respirar muito, ele pode andar no ar, não falar muito, ele pode ouvir, não fazer muito, ele pode estar. Sinto o corpo fechado em si mesmo, em mim mesmo, contraído, rijo, pequeno. Sou pequeno e tenho medo. Ao fundo, os tambores, ao perto, os pesados e graves e longos rasgos de violoncelos, como num filme. Tenho medo, quero voltar para casa. Quero voltar para a minha prisão de que tanto queria fugir. Uma espécie de Síndrome de Estocolmo puxa-me para dentro, para fora dali, para casa, para junto do meu agressor de quatro paredes e uma porta. Trancada, como a minha liberdade. Volto a respirar muito, fundo, dentro. De casa.

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