uma espécie de âncora
Ligo a televisão apenas para me dar uma noção de tempo. Não vejo o que lá está, mas tenho de saber que lá está. Qualquer coisa, não sei o quê, não me interessa, mas está. E o que quer que lá esteja está a viver o mesmo tempo que eu. E eu preciso de saber que o tempo é o mesmo, que a realidade não parou nem correu. A televisão é, para mim, uma espécie de âncora sem corrente que me prende ao tempo, à vida. Mesmo sabendo que não há outra coisa além dela. Ligo a televisão para ver se eu não me desligo de mim.