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capitão albino

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PRAIA DE SANTA CRUZ

Tinha 13 anos quando se atirou ao mar, pela primeira vez, para salvar alguém. Ela, uma miúda, estava aflita. Ele, um miúdo, também. Mas ele conseguiu, ela sorriu e cada um voltou à sua vida. A dele, na praia, começou ainda bebé. “A minha mãe costurava as barracas, o meu pai alugava-as. Aos três anos, já aqui estava com eles, a comer a papinha e a dormir a sesta”. O seu pai era o que Albino seria durante a vida toda, banheiro. “Às seis da manhã, já andava a montar as barracas e a limpar a praia”. Eram mais de 300 metros de extensão de areia e mais uns quantos de extensão de mar. Sempre que lá ia, tinha de voltar. E voltou sempre, cansado, mas com gente que se afligia e quase lá ia ficando. Houve um homem que ficou. “O mar estava bravo – como sempre está nesta praia – e o homem estava estranho. Entrou no mar, mas eu chamei-o. Duas vezes entrou, duas vezes saiu. Pediu-me desculpa. À terceira, foi e já não conseguiu sair. Alguém o trouxe e ele acabou por ficar. Acho que aquele homem ia com aquela vontade de não voltar”. Albino entristece ao lembrar esta história, mas a memória dá-lhe mais alegrias do que tristezas. “Salvei muita gente e fiz muitas amizades”. Tantas vezes contra a corrente, Albino sente saudades. Das ondas, mas também das canções que chegou a tocar em bailaricos para pôr gente a dançar. Os corpos ondulavam e Albino, de certa maneira, lá voltava a ir ao mar.

[uma parceria com a Rede Cultura Leiria 2027]

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