capitão antónio
PRAIA DE SÃO MARTINHO DO PORTO
“Ovos, açúcar, fermento e farinha. É assim que eu faço, à maneira antiga”. À maneira de António Pedro, na antiga Pastelaria Concha, ambos nascidos nos anos 50. “A massa brioche deve ser sempre feita de um dia para o outro”, e parece que foi ontem que António aqui entrou. Tinha 13 anos quando veio aprender com os pasteleiros que, no Verão, vinham de Lisboa ajudar no negócio. Um deles, o Gonçalves, “era um artista, fazia rosas de caramelo como eu nunca vi ninguém fazer”. E ele, o António, foi aprendendo, até que chegou o dia de tomar conta da pastelaria. Tinha 20 anos, e já não era preciso ninguém de Lisboa. Havia António, de São Martinho do Porto. E, com ele, pastéis de nata, tranças, areias, bolachas, palmiers e outras maravilhas que eram uma delícia “para a malta que vinha da Green Hill, às cinco e seis da manhã, já com os copos – ainda saí com o rolo para dar na carola de um ou outro”. São muitos os que fazem fila para entrar – “nesta altura do Verão, chegamos a atender mil pessoas por dia”. O de António Pedro começava às quatro da manhã e terminava à meia-noite. Agora, o horário é outro, que António já está reformado, mas o gosto é o mesmo. É por isso que continua a vir, a vestir o avental, a pôr o chapéu de pasteleiro, a amassar, a enfornar e a deixar toda a gente que lá vai com vontade de voltar. À sua maneira, ao seu lugar.
[uma parceria com a Rede Cultura Leiria 2027]