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PRAIA DA AREIA BRANCA

Não é capitão, é herói. Sem capa e sem vaidade, Manuel Marques salvou a vida a muita gente. “Eu só queria que ninguém morresse, bastava-me ouvir um obrigado”. Ouviu muitos, tantos, que, ao recordá-los, o mar parece ganhar ondas nos olhos velhos que o olham. “Um dia de mar bravo, estava bandeira vermelha, e dois irmãos vão ao mar. «Ó mano, salva-te que eu vou morrer», dizia um. «Aqui ninguém morre», disse eu, e trouxe-os, um em cada mão, para terra”. Em cada mão, também, uma medalha de tantas que guarda em casa. Dizem Coragem, Abnegação e Humanidade, palavras recebidas por “actos de salvação marítima e de socorros a náufragos”. O que se sente ao ser-se herói? “É bonito, sinto-me feliz. O meu corpo serviu para trabalhar”. Salvando gente, abrindo guarda-sóis, preparando as barracas, cuidando da praia. Manuel era banheiro. O título de Nadador Salvador só o ganhou em 1959, quando fez o curso – o primeiro em Portugal, “no ano da inauguração do Cristo Rei”. Os braços, abertos às gentes que salvava, também se abriam às algas que ia buscar ao fundo do mar… “e a algumas senhoras que se demoravam na água”, sorri Manuel, o “malandro jeitoso” daqueles tempos. Sorrindo, e lembrando, Manuel é banheiro outra vez, sendo herói. Desta areia, deste mar.

[uma parceria com a Rede Cultura Leiria 2027]

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