capitão orlando
PRAIA DA VIEIRA
Amor de Mãe. Orlando Faustino tem o nome da sua primeira embarcação tatuado no braço forte e choroso da memória. O nome vinha dos antigos donos, e assim ficou. E Orlando fica longe quando lembra a sua infância junto da mãe e do seu amor, junto do pai e das suas redes. Orlando foi apanhado por este ofício ainda criança – “tinha uns seis ou sete anitos” quando começou a fazer redes e a ajudar o pai na pesca do camarão. O barco era pequeno, Orlando também, e os medos da mãe eram maiores por ver os dois amores entregues à pesca e ao mar. Por vezes, acompanhava o coro que se ajoelhava na areia a rezar para que os pescadores marinheiros voltassem bem. Orlando e o seu pai sempre voltaram. E sempre se acompanharam nestas andanças, mesmo quando, ainda menino, com 11 anos, Orlando foi trabalhar no vidro. Aos 17, de corpo e mãos já calejados, mudou-se para a metalurgia, onde limpou limas e fez a contabilidade da empresa. Veio a guerra, veio a tropa e, quando veio o fim, veio o sonho da emigração, mas o Exército disse-lhe que não. Ficou por cá, desfez-se o sonho e fez-se marido. Voltou a fazer-se ao mar, pescando e fazendo redes. Remendou algumas como remendou a vontade de aventura sendo bilheteiro do cinema, dirigente do clube e secretário da biblioteca da terra. “Como diz o outro, só estou bem onde não estou”, a não ser que esteja onde sempre esteve. No mar.
[uma parceria com a Rede Cultura Leiria 2027]