ela à janela
Sábado de manhã, àquela hora, naquela rua, nesta posição, ela está à janela. Tem roupa lavada a esconder-lhe a curiosidade, estendida – ela, a roupa e a curiosidade – à janela. Quieta nos braços, inquieta na vigilância, ela ronda certeira a rua inteira, de uma ponta à outra, quem entra, quem sai, quem passa e quem fica. Fica ela ali, sossegada, escondida, alerta da vida. Nada passa sem que ela saiba, nada acontece sem que os seus olhos registem. Sábado de manhã, àquela hora, naquela rua – ela escondida – aconteceu isto assim assim, passou fulano, ficou beltrano e bateu o sol na roupa estendida.