quando há mundo
quando há mundo em tudo o que há
vivido, no fundo, do tempo que é pouco
mas parece infinito, tempo bastante
que vai perto do que é distante
mas, num instante, é já sufoco.
quando há mundo em cada detalhe
café, cerveja, alentejo, inferno
que na boca tem o mar
no fado, o teu olhar,
na dança, o não saber dançar
e tudo é terno.
quando há mundo em não ser mundo
quarto escuro, clandestino
praia sem nome, cama suada
vinho, noite passada
multiplicada pelo destino.
quando há mundo em tudo o que há
e tudo o que há nos engana
é lindo (embora ruim) quando há vezes
que deveriam (diz-se assim) durar tantos meses
mas que duram um fim-de-semana.