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quietinhos e caladinhos

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Hoje é o Dia da Mulher. Mas, homens, muita atenção! Não podemos dizer que hoje é o Dia da Mulher. Qualquer menção ao Dia da Mulher, qualquer gesto de carinho para com a mulher neste dia, apenas vai reforçar a discriminação do homem em relação à mulher por haver um Dia da Mulher. Portanto, nada de dizer que hoje é o Dia da Mulher. E nada de gestos carinhosos, de beijos, de poemas, de chocolates, de flores, de jantares. Não devemos pronunciar Dia da Mulher em lado nenhum, em nenhum momento. É discriminatório. Reforça a desigualdade. A mulher que aproveita o Dia da Mulher para condenar o Dia da Mulher não quer que o homem aproveite o Dia da Mulher para elogiar a mulher. Deixemos a mulher criticar, no Dia da Mulher, quem utiliza o Dia da Mulher para não a criticar. Deixemos a mulher usar o Dia da Mulher como bastião de uma relevância que a mulher não precisa de ter (pela simples razão de a mulher já ser igual e não precisar de nenhum dia para que essa evidência seja realçada) para ela criticar quem usa o Dia da Mulher como bastião de uma relevância que a mulher não precisa de ter (pela simples razão de a mulher já ser igual e não precisar de nenhum dia para que essa evidência seja realçada). Hoje é o Dia da Mulher. Mas, homens, muita atenção! Vamos defender a igualdade, obedecendo, quietinhos e caladinhos, às ordens da mulher.

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ela

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Escrever sobre ela não é fácil. Nunca foi. Porém, não é por isso que o mundo não está carregadinho de cartas com ela nas palavras. E esta é apenas mais uma. Pequena, simples e a roçar o ridículo, não fosse esta uma carta de amor.

Devo admitir, desde já, que não sei nada sobre ela, mesmo tendo sido a primeira pessoa a quem destinei o meu olhar. Desde esse dia que a vejo, que a oiço e que a sinto. De várias maneiras, em vários lugares. Ela também me vê, me ouve e me sente. Ela, que nunca foi só uma e que nunca será muitas. Ela é mãe, ela é filha, ela é avó, ela é irmã, ela é namorada. Ela é mulher. Ela, que me aconchega e que me inquieta, que me aborrece e que me estimula, que me alegra e que me obriga a comer a sopa. É para ela que eu escrevo.

Ela gosta de cores garridas e do cinzento. É simples e acha-se feia ao acordar. Mas não é. Nem ao deitar. Nem durante o dia. Só às vezes. Um bocadinho, vá. E ainda bem. É isso que a torna interessante. Ela não vive num anúncio de lingerie, numa capa de revista nem num filme de Hollywood. Ela vive aqui. No seu mundo vulgar. Ela é ela, simplesmente. Bonita e feia, calma e agressiva, única e banal. Tem todas as inseguranças dignas da sua condição e todas as convicções dignas dela mesma.

Ela manda sem dar ordens. Ela infiltra-se no sangue e controla-nos o cérebro. E o coração. E aquilo. Controla-nos tudo, caraças. Crava-nos as unhas na pele, os dentes nos lábios e os olhos na alma. É implacável, obstinada e inflexível mas, mesmo assim, nada a impede de chorar a ver uma pirosice cinematográfica de domingo à tarde.

Ela é mãe, ela é filha, ela é avó, ela é irmã, ela é namorada. Ela é mulher. E escrever sobre ela não é fácil. Nunca foi.

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