antónio e maria
Há uma coisa no teatro que é mais do que a sua representação. Chama-se vida. E a que houve ontem viveu-me mais do que muitas outras tantas já me viveram.
Não era a Maria nem o António que estavam em corpo e letras, todo e todas em génio, no palco do Meridional. Era a vida de cada um deles, dissecada e cortada a sangue frio e servida a alma quente a toda aquela gente que viveu comigo. Era também a nossa vida que ali estava. Era, essencialmente, a nossa vida que ali estava.
Chorei o tempo inteiro. Como uma criança das pequenas ou das grandes, que isto deste choro não tem idade, que isto deste choro só tem uma coisa, e essa coisa chama-se vida, que é outro nome para a verdade.