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a alegria nunca me foi

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Não sei se o que faço é arte. Nem sei, na verdade, o que faço. Mas, não sabendo, sendo arte, é o que me salva. É o que me tem mantido à tona sempre que os fantasmas do vazio me puxam para o poço escuro da depressão. Não é contacto com a alegria que me deixa menos triste, é o contacto corpo a corpo com a arte. Não é uma piada, não é um ninho de labradores bebés, não é uma refeição em família, não é um orgasmo. É a arte. É uma canção, mesmo que triste, é um poema, mesmo que aflito, é uma dança, mesmo que pobre, é um corpo, mesmo que fraco. A alegria nunca me foi bóia de salvação para nada, muito menos para quando eu mais preciso dela. É por isso que eu não páro de escrever. Para que, mesmo de pés no poço, roído até ao osso, eu continue a viver.

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