nada a não ser ver sofrer
Não decorei o texto. Não subi a palco. Não representei. Não tenho como agradecer à Neide, que fez tudo isto por uma personagem que eu apenas escrevi. Não fiz nada a não ser ver sofrer, sofrendo também. Custou-me a antecipação das luzes. Doeu-me a barriga. Tive prazer. Disse todas as palavras que a Maria disse. Fiz todas as marcações que a Neide fez. Fui o que ela foi. Estive onde elas estiveram. Ver a Maria viva, real, criada pelo nervo e pelo corpo da Neide, foi de uma estranheza tão assustadora quanto bonita. Como ela é. Como elas são. As duas. E toda a gente que encheu a sala. Não tenho como agradecer a ninguém. Ela sem lugar, e eu sem palavras.