quase normal
Quase Normal é uma peça de teatro musical que não chega a ser quase peça de teatro nem quase musical.
Quase Normal é algo – não sei bem o quê – que faz com que olhemos para os actores como quase actores. Quase Normal fala de bipolaridade e de esquizofrenia, diz na apresentação. Na verdade – na sofrível e disparatada verdade da existência desta “peça” – Quase Normal pouco fala, muito canta, nada diz. Diz-se-lhes os nomes, chora-se muito, ri-se muito, há espalhafato e clichês que nem são nossos, mas tudo o que diz é verniz e ignorância num palco que deveria ser pisado para se fazer e mostrar arte. Nem chega a ser quase arte. É quase uma merda. Quase – nem ascende a tal.
Há presença ridícula em palco e vergonha alheia na plateia. As interpretações são assustadoras de tão vulgares e a adaptação do guião é angustiante de tão medíocre. Os momentos musicais deveriam ser condenados à cadeia – é crime tratar a música e a língua portuguesa desta forma.
Quase Normal está em cena, no Teatro da Trindade, a ocupar o espaço da arte. E a embaraçar o público que vai convencido de que, pelo menos, isto possa ser quase razoável. O problema é que nem chega a ser quase merda.