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regresso às aulas

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Há sempre uma altura do ano em que regresso às minhas lembranças do meu regresso às aulas. Foi há tanto tempo, parece ter sido agora. Estojo com canetas azul, preta e vermelha, um lápis, uma afiadeira e uma borracha verde ou vermelha com uma das pontas azul. A borracha nunca servia para apagar nada, mas sim para escrever ANDRÉ em letras grandes com o tipo de letra dos Metallica ou então BOSS bem vincado para que toda a gente visse a minha habilidade a inglês.

Os meus primeiros livros da escola eram envolvidos por uma capa semi-transparente com desenhos das Tartarugas Ninja. O único momento em que via a capa original era quando ia com a minha mãe comprar os livros à papelaria Jota. Em casa, lá se dedicava o meu pai à encadernação. Para não estragar e, também – essencialmente -, para não me assustar tanto. Pouco depois, a disciplina de Estudo do Meio tinha-se transformado no Donatello e no Leonardo a praticar artes marciais.

Dentro dos livros, as folhas que tinham toda a matéria para o ano, depressa se tornavam autênticos diários de pré-adolescente. Letras de músicas dos Nirvana e dos Ornatos preenchiam a parte rebelde, poemas do Ary dos Santos a parte mais coraçãozinha.

Sempre fiquei na primeira ou na segunda mesa, junto ao professor. Número dois ou número três. André Pereira. Presente. Sem fazer barulho, atento à aula e às miúdas novas. Voltava a escrever no livro. A aula acabava sempre cinco minutos antes de tocar a campainha. Esquecia a dos olhos verdes que os meus já desenhavam a equipa para os 10 minutos de intervalo. Não vou à baliza. A mochila faz de poste e é roda bota fora. Sonho real. Benfica, Rui Costa, Terceiro Anel, melhor em campo, capa de jornal. Toca a campainha para dentro. Bem pior que sofrer um golo. Regresso às aulas.

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carnaval

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Nunca fui muito do Carnaval, culpa da alegria, que nunca me fascinou muito por aí além. É estupidez, eu sei, é melhor ser alegre que ser triste, mas eu nem sou uma coisa nem outra, estou é mais vezes triste do que alegre. Neste dia, na escola, em pequenino, sempre fui de Zorro. Todo de preto, talvez fosse já um manifesto anti-cor, anti-regime, anti-alegria. Não é que não goste da alegria, apenas desconfio dela. Parece mais leve e mais fácil, e essa leveza deste ser é-me constantemente insustentável. Hoje sou Zorro, domingo sou Pierrot. Hoje sou rebelde de negro, domingo palhaço de lágrima. Faz algum sentido. E, pensando bem, sentindo muito, acho que nunca me mascarei. Sempre fui eu. Talvez por isso nunca tenha sido muito do Carnaval.

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