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sofrimento
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o luto

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O luto, na morte como no amor, carece da urgência do sofrimento imediato, a tempo e horas e em excesso, sempre em excesso, para que, mais tarde, quando vem a puta da saudade, ela não nos apanhar sem as forças que, sem luto, sem sofrimento excessivo como todo o sofrimento deve ser, não teríamos. A urgência do sofrimento imediato, a tempo e horas e em excesso, sempre em excesso, é colocar a vida no abismo para a morte, mas sofrer com paninhos quentes no instante imediato, sem choros nem insultos, sem gritos nem torturas, é morrer constantemente durante a vida toda, em simulado contentamento e disfarçada ansiedade, escarafunchando cada pormenor do sofrimento, sempre, que é sempre, que vem a puta da saudade.

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elogio do sofrimento

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Sinto necessidade de fazer um elogio ao sofrimento, particularmente àquele que se apodera de todos os que vestem vermelho. Vermelho-Benfica.

Ser benfiquista é muito mais do que ter na alma a chama imensa. É ter várias chamas. É ter um Portugal inteiro durante o Verão a arder no nosso corpo. É ter uma explosão nuclear em cada cantinho da nossa alma.

Eu sofro. Claro que sofro pelo Benfica. Quem seria eu se não sofresse? Com que cara me olharia ao espelho se não me doesse o coração quando vejo o meu clube perder? Sofro, com certeza! E vou continuar a sofrer. Quer o Benfica jogue bem, quer jogue mal. Quer o Benfica ganhe, quer perca. Eu sofro! Junto os pés, bato com eles no chão e grito para o megafone: eu sofro! E ninguém me pode impedir. Tenho esse direito, ora essa. O sofrimento é condição essencial do ser benfiquista. É o que está no seu código genético, no seu ADN, no seu código de barras, naquilo que quiserem chamar.

Aqueles que não ficam irritados com a derrota da sua equipa é porque não a sentem verdadeiramente como sua. São assim-assim. São mais ou menos. E ser assim-assim ou mais ou menos é não ser. É a total ausência de identidade.

Ser benfiquista é insultar sem piedade, é elogiar sem frieza. É sentir ao máximo. É ter uma só cor, um só rumo, um só destino.

Ser benfiquista é ter um vírus alojado não se sabe bem onde, nem como, nem porquê mas, a verdade, é que ele está lá e faz o que quer. Não é hereditário, mas é extremamente contagioso e implacável. Não dá hipótese. Deixa-nos de cama, rabugentos e encharcados em comprimidos. Mas também nos deixa eufóricos, estupidamente felizes e com vontade de distribuir beijos e abraços a toda a gente com que nos cruzamos no trânsito. É contraditório, incoerente e irracional. No entanto, não deixa de ser o vírus mais apetecível de contrair.

É por tudo isto que eu sou do Benfica. Porque amo, porque odeio, porque grito, porque choro, porque salto, porque festejo, porque sofro! E sofrer dói como o caraças. Mas dá-me a certeza de que estou vivo, de que sinto. E não há nada melhor do que sentir o Benfica.

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