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a repetição das coisas boas

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Foi mais do mesmo. E ainda bem, que a repetição das coisas boas faz bem e quase ninguém as faz – mesmo não sendo exactamente repetição. Cada palavra e cada gesto são improvisação, mas tudo é feito com o talento que se repete em cada palco onde eles estão. Eles são o César, o Carlos e o Gustavo. Com eles, o Guilherme, o Jaume e o Nuno. Todos são tudo o que um espectáculo deve ser: arte. E, apesar do espalhafato de caixas e luzes, o que há em palco é apenas vazio, invenção, regresso à infância pelo caminho mais simples e mais bonito, o da imaginação. Agora ele era um pescador, e há barco e há mar. Agora ele era uma beata, e há deus e há sacristia. Agora ele era um cão, e há cauda e há chão. E, sendo tudo o que imaginam, havendo tudo o que não existe, levam a gente dali para fora para um lugar que, de tão alegre, chega a roçar o triste sem chegar a ser tristeza. É uma espécie de beleza melancólica que, de tanto nos fazer rir, nos aproxima do que somos: crianças com o talento mágico de ver quem não está e o que não há. E isso faz-nos sentir. Não apenas rir.

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