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fartinho de chorar

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Ainda éramos miúdos, ainda jogávamos, cada um na sua modalidade, quando o Simão me ofereceu o seu stick de hóquei – já não o usava, e achou que ficaria melhor nas mãos de quem nunca o iria usar. Eu nunca soube jogar. Nunca soube, sequer, andar de patins. Mas aquele stick que ele me deu, e eu nunca lhe disse isto, foi uma das coisas mais bonitas que recebi. Guardo-a como uma relíquia. Sei do Simão desde sempre. Das brincadeiras, das escolas, das férias, das catequeses, das festas, das ruas, dos Marrazes – da paixão pela terra, da paixão pelo clube. Conheço muita gente apaixonada, não conheço ninguém com a paixão do Simão. Uma paixão que vem do amor imenso, que lhe vem da história, pela sua gente e pela sua camisola – mesmo quando foram outras que vestiu. O Simão é o Simão porque, à paixão do amor, sabe ter o trabalho, a humildade, o profissionalismo, a exigência, a seriedade e tantas outras qualidades, e defeitos, claro, como qualquer ser humano que se preze, que fazem dele quem ele é. A nossa equipa de hóquei garantiu a subida à Segunda Divisão. Ele é o treinador. Ele, um puto da minha idade a ser treinador dos seniores. Estamos velhos. No domingo, eu vi o Simão como poucas vezes vi. Feliz da vida, fartinho de chorar. Ao seu lado, dentro dele, toda a gente – atletas, amigos, dirigentes, adeptos, família – que lutaram por esta alegria com tudo o que tinham, acima de tudo, suor. Pela nossa terra, pelo nosso clube. Com o nosso Simão.

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