metáfora bonita da minha vida
Hoje fui ao ginásio. Mas não fui, porque estava fechado. Metáfora bonita da minha vida, esta. Ando eu o ano inteiro em luta com a necessidade de sair da zona de conforto para, quando a consigo vencer – ou quando lhe consigo ceder, dependendo do ponto de vista -, olha, afinal não era preciso, desculpa lá o incómodo. Ridículo, isto. Tanto isto de eu não ter confirmado os horários do ginásio, como isto da necessidade de sair da zona de conforto. Que necessidade? Qual é a ideia? Ir para uma zona de desconforto? Porquê? Eu quero estar bem, quero estar confortável, portanto, quero estar – rufem os tambores para esta bomba nuclear ao nível da lógica – na minha zona de conforto. Ai, mas eu gosto é de estar na minha zona de desconforto, diz um iluminado do poder do agora e das terapêuticas do caralhinho. Não, não gostas, digo eu. Primeiro, porque é uma contradição linguística que eu não vou estar a dissecar por ser demasiado óbvia. Ok, vou dissecar, adoro dissecar o óbvio: se gostas de desconforto, é porque te sentes confortável com isso. Portanto, essa tal tua zona de desconforto passou a ser zona de conforto a partir do momento em que gostas dela. Segundo, porque é ridículo uma pessoa sentir-se bem sentindo-se mal. Pronto, é isto. Vou para casa. Mentira, já estou em casa. A foto é em minha casa. Ia agora fazer uma dissertação sobre o conforto com uma mochila ao ombro, todo desconfortável? Era o que faltava. Isso e vontade.