hello@domain.com +00 999 123 456

capitão acácio

Comentários fechados em capitão acácio capitães da areia

PRAIA DO BALEAL

“O mar era tudo para mim. Hoje, já não tenho capacidade para nada”. Acácio foi pescador, mariscador e nadador salvador. Apanhou robalos, douradas, percebes e gente. Hoje, apanha memórias que lhe navegam dentro. Lembra-se de ser menino e de ir com o pai para a pesca. Era feliz. Mas também se lembra de ser menino e de ir com medo para a escola. Era triste. Acácio sofria bullying. “Na altura, ainda não havia essa palavra, mas os mais velhos insultavam-me e batiam-me. Chegaram a atirar-me a bicicleta pela ribanceira abaixo”. Mas Acácio não caiu. Trocou a escola pelo pai e a matemática pelo mar. As contas, essas, foi fazendo-as ao longo da pesca. Havia dias em que apanhava mais de 200kg de percebes. Hoje, o limite é de 20kg por pessoa. “Ganhei dinheiro, mas também ganhei muitos sustos. Um deles veio numa onda que me foi buscar à rocha e me arrastou. Rasgou-me o fato, as costas, os braços e as pernas”. Foram elas que o traíram numa queda a transportar peixe no Prainha, o restaurante de família construído pelo pai há 60 anos. Foi operado, mas uma embolia pulmonar quase lhe tirou a vida. “O que me salvou foi eu ter os pulmões tão saudáveis por ter nadado tantos anos”. Sobreviveu, mas ficou parado. Das pernas e do que lhe ia dentro. “Eu chorava, chorava, chorava… Cheguei a ter consulta de Psiquiatria marcada, mas pensei: «tu és mais forte do que isto tudo». Fui dar umas voltas junto ao mar e atirei os problemas para trás das costas”. O mar foi mesmo tudo para Acácio. A vida, a queda e até a sua terapia.

[uma parceria com a Rede Cultura Leiria 2027]

Comentários fechados.