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o filósofo da benedita

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Ir ao Bigodes é mais do que enfardar uma bifana cheia de mostarda, maionese e gorduras várias. Ir ao Bigodes é mais do que chafurdar numa sopa da pedra carregadinha de tralha boa. Ir ao Bigodes é, também – e essencialmente – sentar-se ao balcão, junto de peludos regos de camionistas e de exagerados tacões de putas, e contemplar. Contemplar os sabores, os cheiros, as coisas e as realidades que roçam as vidas que ali existem na mesma medida que existe quem existe na Nacional 1, de passagem. Como na vida, na verdade.

No Bigodes, há quem contemple eternamente. Não lhe conheço o nome. Pode ser João, Fernando ou Aladino. Pode ser qualquer coisa, que pouco me importa. Mas, podendo ser qualquer coisa, é apenas uma: filósofo. O Filósofo da Benedita. Ele é Kierkegaard, Schopenhauer e Nietzsche, Platão, Voltaire e Sartre. Ele serve bifanas e sopas da pedra como quem pensa na morte, serve camionistas e putas como quem olha longamente para o abismo.

É o habitual, por favor. O quê?

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