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somos todos

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E eu que pensava que o mundo não me colocaria à prova além das banalidades que me foi apresentando ao longo da vida, como os desgostos amorosos, as mortes de familiares e amigos ou as derrotas do Benfica. Mais coisa, menos coisa, mais dor, menos dor, seriam coisas que acabariam por surgir de forma inevitável na minha vida, sabia que sim, sabia que as iria apanhar a qualquer momento, estava, de certa forma, preparado para elas. Mas esta coisa que agora apanhei pela frente é coisa que não vinha em nenhuma previsão, até porque não sei que coisa é, como é, de onde vem nem como combater. É o desconhecido que bate à porta e entra sem eu a abrir. A porta está trancada, como as portas de toda a gente, mas o desconhecido bate à minha e bate a todas, e entra, e fica aqui a pairar nas nossas casas, nas nossas roupas, nas nossas cabeças. E não fazemos a mínima ideia do que seja. Não é nenhum ultramar – que eu não vivi, não é nenhuma fome – que eu não senti, não é nenhuma doença – que eu não tive. Não. E o sofrimento não é o mesmo. É outro. É outra coisa. E digo isto sentado no sofá e não entrincheirado no meio do mato com uma g3 e o cheiro a morte, com mesa farta e não com uma sardinha para cinco, saudável e não numa cama do IPO com uma agulha a injectar-me químicos na veia. Eu sei. Estou em casa, confortável, com comida, saúde, tecto, cama, amor, carinho, playstation e vinho. Nada me coloca na mesma situação dos meus pais quando tinham fome, dos meus tios quando foram à guerra nem de tanta gente que tem um cabrão de um tumor para destruir. Coloca-me no desconhecido, à prova de mim mesmo. Sou eu o mundo. Somos todos.

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uma luta no escuro

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Uma luta no escuro. Luzes apagadas, olhos vendados. O inimigo está, mas não o vemos. Não lhe sentimos o cheiro, sequer. Mas está. E levamos golpes vindos não sabemos de onde. Não lhe sabemos a forma nem o tamanho. Não lhe conhecemos os truques nem as fraquezas. Estamos às escuras, em constante estado de alerta perante tudo, até mesmo o nada. É a angústia de não saber, é a ansiedade de sofrer. É respirar desconfiando do futuro. É mais do que o medo de combater. É o medo do escuro.

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mais forte do que via

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Era o dia do funeral da minha avó quando vi, pela primeira vez, o meu pai chorar. Enfraqueci porque vi, ali, em estreia absoluta na sala da minha existência, o meu super herói ficar sem poderes. Não estava à espera. Nem sequer pensava ser possível. Mas foi. Ao mesmo tempo, senti que o meu pai não controlava tudo e que era humano. Desde esse dia que o vejo de forma diferente. Mais forte do que via, enquanto super herói. Mais humano. Ele não ficou sem poderes. Eu pensava que não mas, hoje, sei que chorar, que é sentir, é um super poder. Dos humanos. O maior.

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já éramos sozinhos

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Nós não temos vontade de estar com os outros. Nós temos é medo de estar sozinhos. Os outros, na verdade, na crua e triste verdade, já pouco existiam para nós. Apenas estavam, apenas faziam figura de corpo presente na nossa necessidade primária de aconchego e aprovação. Já éramos sozinhos, mas não estávamos sozinhos. Os outros davam-nos essa ilusão de companhia. Eram eles, não éramos nós. Não precisávamos de nos olharmos dentro para ver quem realmente éramos, somos, virtudes, belezas, maravilhas, mas defeitos, rugas, medos, traumas, guerras e lixo, também. Agora, que nos obrigam à clausura, fechamos a porta, abrimos os olhos e só estamos nós. E só somos nós. E estar, e ser, connosco, dá medo. Não são os outros, somos nós.

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perto, longe

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Nós já estávamos isolados. Colados aos ecrãs, fechados em avatares, muralhados por um individualismo egocêntrico. Nós já evitávamos as pessoas de carne e osso sem nickname. Nós já tínhamos substituído o toque pelo touch, o beijo pelo like e o abraço pelo scroll. Já não havia convívio, havia scroll. Já não havia gosto de ti, havia swipe right. Já não havia ajuda, havia hashtags. Hoje, há um olá à beira de ser trocado por um adeus. Nós já estávamos isolados. Só não queríamos saber. Trancados em nós mesmos, longe dos outros.

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uma só criatura

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Um único homem, uma só criatura, transmitiu um vírus que, em 102 dias (1 Dezembro 2019 – 12 Março 2020), atingiu 130.164 pessoas, matando 4.754. Tudo começou num único homem, numa só criatura. Mais do que qualquer outra análise que possamos fazer, este contágio galopante mostra-nos a influência que cada ser individual tem em milhares de milhões. Um, em 102 dias, contagiou 130.164 pessoas. Um, sozinho, fez estremecer o planeta, fechar fronteiras, monitorizar governos, segregar pessoas, amedrontar consciências, trancar portas, esvaziar esperanças. A influência de um único homem, a consequência da acção de uma só criatura, na vida do mundo inteiro. Eu, tu, que somos um único homem, uma só criatura, temos o poder de atingir e condicionar o comportamento de 7 mil milhões de pessoas. É assustador. Eu, tu, somos a borboleta que bate asas na China e causa uma tragédia no mundo inteiro. É aterrador. Desta vez, foi o vírus errado, o Covid19. Imagina quando for amor. É possível.

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ele que vai

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Não sei o que é, mas diria cancro. Ou solidão, que me parece pior. Pode ser uma união de ambos, como o uísque e o cigarro que devora todos os dias à mesma hora naquele café. Os olhos estão sempre longe, nem sequer olham o que leva à boca. A boca tem a abertura exacta para a dimensão do ponta do cigarro e da ponta do copo. E a sua vida, não sabendo eu o que é, parece-me andar na ponta do fim. Sendo uma coisa ou outra, nunca deixa de parecer uma coisa e outra. Que lhe devoram a vida.

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há sea e sea, há ir e voltar

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Não, isto não é nenhum artigo sobre maus trocadilhos. Pedimos desculpa por isso, mas foi o título que se arranjou. Brincámos com a palavra SEA que, em inglês, quer dizer mar (não tem de agradecer por esta essencial lição de inglês), e então fizemos este trocadilho do qual nos orgulhamos. Vá, não nos orgulhamos assim tanto, mas é o que é. E, vendo bem, o SEA de que vamos falar tem tudo que ver com o mar… que é a Internet. Ufff, safámo-nos bem na justificação do título? Bem, vamos mas é ao que interessa.

O que é SEA?

O nome completo do SEA é Search Engine Advertising, é natural do Marketing Digital, filho do SEM (Search Engine Marketing) e irmão do SEO (Search Engine Optimization). Vivem todos juntos na vivenda do Mundo Digital e dão um jeito tremendo a empresas que queiram potenciar e divulgar o seu negócio.

Quais os objetivos de SEA?

O principal objectivo de vida do SEA consiste em angariar tráfego para o seu site através da apresentação de anúncios online. Estes anúncios são patrocinados/pagos e indexados a determinadas keywords que, quando pesquisadas no motor de pesquisa (ex: Google), surgem em forma de anúncio ao utilizador.

Estratégia de Search Engine Advertising

Uma boa estratégia de SEA (Search Engine Advertising) deve ser realizada em simultâneo com uma boa estratégia de SEO (Search Engine Optimization), com o objectivo de maximizar os resultados e de aumentar as vendas e a relevância online.

A sua empresa pode ser dona disto tudo se dominar os resultados de pesquisa orgânica e de pesquisa paga. Desta forma, irá aumentar, significativamente, o tráfego no seu website e dará a ideia a quem o visita de que você/a sua empresa é uma barra no seu mercado e tem o seu negócio bem consolidado.

Qual a diferença entre SEA e SEO?

É muito fácil confundir SEA (Search Engine Advertising) com SEO (Search Engine Optimization). É só uma letrinha de diferença e são os dois irmãos do mesmo pai, o Search Engine Marketing. Mas, como todos os irmãos, têm as suas características particulares. O SEO é uma série de métodos, idealmente gratuitos, de optimizar um site para que os motores de busca entendam o seu conteúdo como relevante e o mostre primeiro aos seus utilizadores.

Os artigos do seu site, por exemplo, devem seguir todas as boas práticas de optimização de conteúdo, como a keyword principal estar no início do texto, o conteúdo ser completo, estruturado e relevante, conter alt image, links, título H1 e subtítulos H2, dados estruturados e por aí fora.

O SEA, por sua vez, não trabalha no seu site, mas sim nos anúncios externos que visam encaminhar utilizadores para o seu site. Uma das ferramentas utilizadas para a criação dos anúncios é o Google Ads. O conteúdo também é, obviamente, essencial. No entanto, a estratégia baseia-se em ir lá fora, com base em anúncios, buscar o futuro cliente.

Google ADS – Publicidade no Google

O Google Ads é a maior ferramenta de links patrocinados da Internet. Daí a sua importante ligação com uma boa estratégia de SEA. O Google Ads permite criar campanhas de anúncios (artigos, vídeos, banners…) que apenas surgem quando o utilizador pesquisa por termos relacionados com o seu negócio – e é você que define esses termos / keywords!

Isto permite alcançar um público muito mais segmentado e qualificado (e também mensurável), uma vez que já sabemos que ele está interessado no que nós temos para oferecer.

O Google AdWords é a principal fonte de receita do Google. Em 2011, esta plataforma gerou 96% dos 38 mil milhões de dólares que a empresa facturou.

O Google Ads permite a utilização de diferentes formas de segmentação para que a exibição dos anúncios seja ainda mais eficaz:

  1. Público-alvo: é possível acertar nas pessoas certas;
  2. Keywords: os anúncios serão exibidos consoante as palavras-chave pesquisadas;
  3. Tópicos: com o Google Ads, pode escolher exibir os seus anúncios em sites sobre determinados tópicos;
  4. Local: pode escolher onde colocar os seus anúncios: em mecanismos de busca, em sites pessoais, em sites profissionais…
  5. Horário: é possível exibir os anúncios em determinadas horas ou dias da semana, e escolher a frequência de exibição desses anúncios;
  6. Idade, local e idioma: a plataforma permite escolher a idade, a localização geográfica e o idioma de quem será atingido pelos anúncios;
  7. Dispositivos: os anúncios podem ser exibidos em todos os tipos de dispositivos (computadores, tablets, laptops, smartphones…).

Pensando bem, o título deste artigo não é assim tão descabido quanto isso. Há SEA e SEA, há ir e voltar. E isso é mesmo verdade.

Com uma boa estratégia de Search Engine Advertising, o utilizador pode ir, pode estar lá fora, mas volta. Nós vamos lá buscá-lo onde ele está para o sítio onde ele quer estar. É essa a maravilha deste mar chamado Internet.

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ela à janela

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Sábado de manhã, àquela hora, naquela rua, nesta posição, ela está à janela. Tem roupa lavada a esconder-lhe a curiosidade, estendida – ela, a roupa e a curiosidade – à janela. Quieta nos braços, inquieta na vigilância, ela ronda certeira a rua inteira, de uma ponta à outra, quem entra, quem sai, quem passa e quem fica. Fica ela ali, sossegada, escondida, alerta da vida. Nada passa sem que ela saiba, nada acontece sem que os seus olhos registem. Sábado de manhã, àquela hora, naquela rua – ela escondida – aconteceu isto assim assim, passou fulano, ficou beltrano e bateu o sol na roupa estendida.

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a minha luta

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É aqui dentro que estou. Desde pequenino, talvez desde o parto, que esta é a casa que me existe nas entranhas de todos os sítios vitais do meu corpo: da mente, do coração, dos pulmões, do estômago, das pernas, das mãos, dos olhos, da placenta. Raras vezes saí, muitas vezes tentei sair, bati à porta, bati na porta, abri a porta e fechei a porta. A porta abriu-se, partiu-se, fechou-se, sem qualquer vontade própria, fui eu que a abri, que a parti, que a fechei. E sou eu que continuo a fazer tudo isso a uma porta de madeira velha de uma casa de tijolo e cimento e crenças. Por medo de sair, por medo de não voltar a entrar, por medo de decidir, não decido e não faço nada, além de abrir a porta, partir a porta e fechar a porta. Fico dentro. A minha luta tem sido esta, sair. Mesmo com medo de tudo o que possa estar além-fora desta porta. Dentro de outra casa qualquer.

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mulher antes da partida

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Compra o tempo com um cigarro. Vai às compras mas, antes de entrar, já está a comprar. Sacos vazios no carrinho, olhos vazios atrás dos óculos. A preparação passa pela tranquilidade de um cigarro ao sol, a olhar sabe-se lá para onde, talvez para dentro, que é dentro que temos a necessidade de um bafo de cinco minutos que nos ajude a acalmar a vida. Bem vestida, ela – não a vida, chega de tarde, não todas, mas sempre às quatro e vinte. Encosta-se à parede para ser desenhada ou para estar mais perto do cinzeiro, não sei, talvez ela saiba que a olham olhando sabe-se lá para onde, talvez para dentro, talvez não saiba e só quer é facilidade neste processo de queimada. Nunca a vejo no regresso, sempre na partida, ou melhor, no que lhe antecede a partida, no cigarro e na pose, nos sacos vazios e nos olhos que, para dentro, olham cá fora, neste processo de vida, mulher antes da partida.

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o homem-aranha digital

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Está a ler este artigo, não está? Claro que está, caso contrário, esta pergunta não faria sentido. Pois bem, se está a ler este artigo, no nosso blog, é porque foi apanhado na nossa teia do Inbound Marketing.

Inbound Marketing: o que é?

Como assim, apanhado numa teia? Pergunta você, enquanto mexe braços e pernas para tentar livrar-se da teia. Calma, amigo leitor. Não vale a pena combater o Inbound Marketing. Ele, mesmo sendo uma forma de marketing indirecto, é bastante forte.

No Inbound Marketing, os clientes são atraídos através dos conteúdos produzidos, quer no blog, em posts, em vídeos…

O Inbound Marketing é contrário ao Outbound Marketing. Este último vai de encontro ao cliente, o primeiro atrai o cliente ao seu encontro. Mas já lá vamos.

Como funciona o Inbound Marketing?

O Inbound Marketing assenta numa sólida estratégia de Marketing de Conteúdo, de acordo com o objectivo que o cliente pretenda atingir. Para criar uma boa estratégia, deverá seguir quatro etapas:

  1. Atração: através de conteúdo relacionado com o negócio da sua empresa, em blogs, sites, redes sociais, nunca esquecendo uma forte estratégia de SEO;
     
  2. Conversão: depois de atrair potenciais clientes, está na hora de os tornar consumidores assíduos dos seus conteúdos. Para isso, poderá usar landing pages (páginas de conversão), formulários (as landing pages levam ao preenchimento de formulários com os dados do usuário) CRM (este software reúne as informações que os usuários deram nos formulários);
     
  3. Venda: assim que tiver atraído as pessoas, o objectivo é fazê-las “comprar o seu produto”. Para isso, poderá utilizar diversas ferramentas, tais como automação de marketing, email marketing, nutrição de leads e lead scoring;
     
  4. Encantamento: se chegou a esta etapa, parabéns! Conseguiu um cliente. E, perante esta boa notícia, o objectivo é manter o cliente. Portanto, trate de o encantar, lá está, de forma a que ele se mantenha como cliente e a que promova o seu serviço a outros possíveis clientes. Relacione-se com ele, apresente-lhe conteúdos personalizados, faça-o sentir-se parte envolvente de todo o processo.

Inbound Marketing e SEO: uma parceria de sucesso

É óbvio de que precisará de um bom SEO. Esta optimização para motores de busca terá um impacto gigantesco no seu tráfego orgânico. O conteúdo tem de estar lá, mas tem de ser encontrado.

Caso contrário, não faz sentido existir. Daí, um bom SEO fazer toda a diferença. Lojas virtuais que adoptam uma estratégia de SEO conquistam 13 vezes mais visitantes e 6 vezes mais clientes em comparação com os e-commerces não-optimizados com SEO.

O Google é a fonte mais usada para pesquisar produtos e tirar dúvidas. O SEO faz com que o seu site seja encontrado mais facilmente e consiga muito mais tráfego qualificado.

Inbound Marketing vs. Outbound Marketing – o duelo

São diferentes, nenhum melhor do que o outro, ambos importantes e cada um essencial perante o objectivo que se pretende alcançar. Se o Outbound Marketing se apresenta com um conjunto de estratégias mais conservadoras, que vemos desde sempre (telefone, stands de vendas, televisão, rádio, etc), o Inbound Marketing apresenta-se como um leque de estratégias mais “modernas” e directas ao possível cliente.

Assim, podemos estabelecer algumas diferenças:

  1. Estilo de Comunicação: aberta no Inbound Marketing, unilateral no Outbound Marketing;
  2. Onde está o produto? No Inbound Marketing, o produto é encontrado pelas pessoas interessadas; no Outbound Marketing, o produto chega a todas as pessoas, interessadas e desinteressadas no seu produto;
  3. Relacionamento: mais duradouro no Inbound Marketing do que no Outbound Marketing;
  4. Engagement: maior engagement em estratégias de Inbound Marketing do que em estratégias de Outbound Marketing.

Vantagens do Inbound Marketing | Porquê usar uma Estratégia de Inbound Marketing?

O Inbound Marketing tem diversos benefícios. Com uma estratégia bem elaborada, pode alcançar o público certo, estabelecer um relacionamento mais próximo com os clientes, aumentar o seu poder de persuasão, encurtar o ciclo de vendas, diminuir os custos e medir os resultados em tempo real.

Alcançar o público certo

Segundo a Content Trends 2017, empresas que adoptam o Marketing de Conteúdo alcançam 2,2 vezes mais visitas em comparação com as que não fazem uso dele.

Quantidade não é sinónimo de qualidade. Tem toda a razão. No entanto, neste caso específico, as empresas que usam Marketing de Conteúdo também conseguem gerar 3,2 vezes mais leads que as empresas sem uma estratégia similar.

Relacionamento mais próximo com os clientes

Aproximando-se do seu público, poderá apresentar-lhe soluções personalizadas para as suas questões. O seu público está mais receptivo a dicas e recomendações suas.

Maior poder de persuasão

Esta estratégia confere maior poder de persuasão uma vez que é um argumento baseado em informações sólidas, construído ao longo do tempo e não de uma vez só.

Encurtamento do ciclo de vendas

O ciclo de vendas é o tempo que a sua empresa gasta desde o contacto inicial até à conclusão da venda. Segundo a pesquisa Martech 2017, 50,4% das empresas de tecnologia que adoptam Inbound Marketing têm ciclo menor que 30 dias. Apenas 29,5% das que usam métodos Outbound têm esse desempenho.

Diminuição de custos

Em relação aos custos, o Inbound também é mais barato do que as soluções tradicionais, como anúncios e activações de marca. Menos custos é sempre melhor.

Medição dos resultados em tempo real

É essencial acompanhar os dados em tempo real para saber com precisão e rapidez o que está funcionando ou não.


Continua a ler este artigo, não continua? Claro que sim, caso contrário, esta pergunta não faria sentido. Pois bem, se continua a ler este artigo, no nosso blog, é porque continua na nossa teia do Inbound Marketing. Como assim? Pergunta você, enquanto mexe braços e pernas para tentar livrar-se da teia.

Calma, amigo leitor. Volte ao início do texto e releia-o. Está cá tudo. E você tem interesse em saber.

Até ao próximo artigo, leitor fiel.

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ali ao meu lado

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Faz um ano que foi o meu avô, que deixei de o ter, que deixei de o ver, que deixei de o deixar sentar-se ao meu lado a beber um xiripiti e a piscar-me o olho e a sorrir-me o rosto e a fazer-me sentir feliz por ele estar a fazer tudo aquilo ali ao meu lado, o meu avô, o único avô que me restava. Há um ano que me resta a lembrança deste homem que sempre sendo velho, foi sempre criança.

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isto anda tudo ligado

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O Link Building apresenta-se como fundamental, uma vez que apresenta ao utilizador outras fontes de informação, igualmente confiáveis, com conteúdos complementares e relevantes, face à pesquisa que efectuou.

O que é o Link Building?

Boa pergunta! Link Building é, resumidamente, o que nós estamos a fazer agora. Ou seja, é a arte de conseguir atrair links para um determinado site, blog ou página de conteúdo.

Quer dizer, o que acabámos de fazer não foi bem arte e também não pode ser considerado, em abono da verdade, Link Building puro, porque não foi assim tão estruturado. Por exemplo, neste parágrafo, só temos links externos e nenhum interno. Mas já lá vamos.

Como fazer Link Building?

Há muitas formas de fazer Link Building. No entanto, nem todas são boas. Como referência no Marketing Digital que somos, vamos apresentar-lhe, apenas, as boas. Aliás, as melhores.

Há duas características essenciais a qualquer boa estratégia de Link Building:

  1. Links de qualidade: são os links “naturais”, relevantes para quem linka e para quem é linkado. Os maus links podem colocar o site num mau posicionamento perante os motores de busca.
     
  2. Bom conteúdo: conteúdo, conteúdo, conteúdo. A conversa é sempre a mesma. Um bom conteúdo faz com que o seu site seja mais vezes linkado. Conteúdo bom, conteúdo relevante, conteúdo que suscite partilhas.

Tendo estes dois pontos sempre presentes, o Link Building estará sempre mais próximo do sucesso. Depois, obviamente, os links apresentados terão de apresentar algumas características mais específicas, como:

  1. Utilizar links internos e links externos (com texto âncora – o texto que contém o link apontando para o seu site ou para uma página do seu site, imagens e outros tipos de links);
  2. Obter links de sites relevantes – os chamados backlinks;
  3. Guest posts: os artigos de convidados são essenciais para gerar links orgânicos;
  4. Divulgar conteúdos nas redes sociais;
  5. Não ter links quebrados – links incorrectos ou com ligações para páginas inexistentes;
  6. Não comprar links – o Google topa que há um padrão suspeita e prejudica o posicionamento;
  7. Privilegiar uma estratégia integrada de SEO.

Eis o que acontece na complexa mente do Google: ele olha para um site e avalia a sua reputação e autoridade pelos links que ele recebe. A existência de links faz com que haja uma relação entre páginas, funcionando como uma espécie de “voto de confiança”. Fazer um link para outra página é dizer ao seu leitor que tem confiança naquela página. Os bons links são o motor do SEO.

Qual a importância do Link Building para SEO? 

O Link Building é essencial para que os motores de pesquisa vejam o seu conteúdo como mais relevante, levando-o a um melhor posicionamento nos resultados orgânicos de pesquisa. E aqui volta a entrar o nosso querido SEO (Search Engine Optimization). Uma estruturada estratégia de SEO tem de comportar um bom modelo de Link Building.

O utilizador tem sempre de encontrar a informação que procura. Esta frase está emoldurada na mesinha de cabeceira do Google.

Como conseguir backlinks de qualidade?

Os backlinks são links que direccionam directamente para qualquer página do seu site a partir de outro domínio – backlinking. O objectivo é o de expandir o conhecimento do leitor e, em simultâneo, gerar tráfego de qualidade para o seu site ou blog.

Os Backlinks são muito importantes para SEO porque alguns motores de pesquisa, especialmente o Google, dão mais crédito a sites que têm um bom número de backlinks de qualidade (com elevado grau de relevância), considerando o seu conteúdo mais importante do que outros nas páginas de resultados.

Estratégias de Link Building – cá dentro e lá fora

Link Building interno

O Link Building interno não é mais do que o processo de linkar para páginas dentro do seu site. Este processo é bastante recomendado e valioso, levando a uma navegação interna relevante.

Link Building externo

Linkar para outros sites não prejudica em nada o seu próprio site. Pelo contrário. O algoritmo dos motores de pesquisa tem em consideração a linkagem externa, atribuindo-lhe relevância e, também, autoridade.

Portanto, muito resumidamente, não se esqueça: links internoslinks externos e conteúdo, conteúdo, conteúdo. A conversa é sempre a mesma. Os resultados também, os melhores.

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a senhora que demora

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Os meus primeiros brinquedos foram comprados aqui. Não sei se era esta a senhora que atendia a minha tia Nhanha, a tia que me mimava a infância, mas era aqui, nesta papelaria, que os meus primeiros brinquedos ganhavam dono.

Esta senhora seria a mesma, hoje parece ter sido mesmo. Ternurenta, lá de cima e lá de dentro, pelo sotaque com que diz bom dia, cá estamos, graças a deus e obrigado, esta senhora não sai dali porque é ali que ela é. Saindo, deixa de ser, e até o espaço deixa de estar. Acompanhada, muitas vezes, por outra senhora, mais nova mas mais antiga, esta, mais velha mas mais agora, recebe cada cliente de braços abertos no olhar.

Passa os dias à espera que entre alguém e há sempre alguém que passa e que não entra. Entre cadernos, peluches, jornais e porta-chaves, ela existe na demora do tempo que passa, na lentidão dos dias, na espuma das horas. Sempre que lá entro, entro só por entrar. Só quero sentir dentro a alegria de voltar a brincar.

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não foram monstros

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Não foram monstros, foram pessoas como nós, iguaizinhas a nós, que estiveram de um lado e do outro, que torturaram e que sofreram, que mandaram e que obedeceram, que mataram e que morreram. Tinham cabeça, troncos, braços, pernas, coração, fígado, pulmões, pele, músculos, nervos, água, oxigénio, hidrogénio, nitrogénio e carbono. Seres humanos, de um lado e de outro. Nazis e judeus, nazis e ciganos, nazis e homossexuais, nazis e deficientes. Nazis e todos os outros. Todos os outros e nazis. Seres humanos, não monstros. Não seres de outro mundo, inumanos, Pessoas como nós, iguaizinhas a nós. Faz hoje 75 anos que o campo de Auschwitz foi libertado. Não foi assim há tanto tempo. Não está assim tão longe. Está sempre na iminência do retorno pelo simples facto de continuar a existir a única causa do horror: seres humanos, pessoas como nós, iguaizinhas a nós.

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manhã

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Não é por ser domingo. É por ser manhã. Poderia ser qualquer outro dia, segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado ou infinito, que seria sempre por ser manhã. E manhã é sempre recomeço, e recomeço é sempre alerta, e alerta é sempre cavalos a galopar no peito. É o recomeço do tic-tac tic-tac tic-tac acelerado do tempo, é o alerta do pensamento atrás de pensamento atrás de pensamento atrás de pensamento, são os cavalos da luta, da falha e do fracasso. Não é por ser domingo. É por ser, simplesmente. Poderia ser qualquer outra coisa. Seria sempre.

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feito até ao fim

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Perfeito, em latim, significa “feito até ao fim”. Eu não sou perfeito, tenho muito por ser acabado, ainda. Na verdade, nem eu nem ninguém nem nada seremos, alguma vez acabados, feitos até ao fim. Nada está concluído, tudo está em mudança. Nem as almas, nem as pedras, nem as nuvens, nem os cadáveres. Tudo muda, tudo mexe, tudo está em transformação para outra coisa que não a que é, nada está feito até ao fim, fechado, embrulhado, ensacado e pronto a enviar para o código postal da Plenitude. Morada não encontrada, remeter ao destinatário. André Pereira, Rua Incompleta, 1500-370 Coração.

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1984

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“Era um dia claro e frio de Abril, nos relógios batiam as treze. Winston Smith, queixo aninhado no peito, num esforço para se proteger do malvado vento, esgueirou-se depressa por entre as portas de vidro das Mansões Vitória, não tão depressa, porém, que não encontrasse com ele um turbilhão de poeira arenosa”.

George Orwell

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um desfile de modas

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Imagine que o Ângelo Rodrigues e o Cameron Boyce vão ver um jogo do Flamengo e que, durante o jogo, têm algumas dúvidas, como o que é uma convulsão ou como saber onde votar. No final, vão para casa ver um episódio de Game of Thrones.

Sabe o que é isto? Além de um cenário impossível, porque o Cameron Boyce já não pode ir a jogos, é um cenário que reúne os termos mais pesquisados em Portugal, no ano passado. E como é que nós sabemos isto? Google Trends. O Google sabe tudo!

O que é o Google Trends?

O Google Trends é uma espécie de Deus, nascido em 2006, que sabe tudo aquilo que nós procuramos, quando procuramos e com que regularidade procuramos. Portanto, muito cuidadinho com aquilo que procura. Que é como quem diz numa linguagem mais modernaça: muito cuidadinho com o Google trending.

Sendo mais técnicos na definição, o Google Trends (trends = tendências, em inglês) é uma ferramenta do Google que acompanha a evolução do número de pesquisas por uma determinada keyword ao longo do tempo.

Com esta ferramenta, pode ver com que frequência determinada keyword foi pesquisada em determinado espaço temporal. Também pode comparar o volume de pesquisas entre duas ou mais condições.

Segundo dados da Google Trends, são realizadas cerca de 100 mil milhões consultas por mês

É possível apurar a pesquisa por critérios de país (Portugal, Estados Unidos, Egipto…), tempo (últimas duas semanas, último ano, últimos 10 anos…), categoria (Futebol, Música, Política Internacional…) e tipo de pesquisa (imagens, notícias, compras…).

Para que serve o Google Trends?

O Google Trends pode ser usado apenas para satisfazer a simples curiosidade de quem anda pela net, no entanto, pode ser bastante útil para muita gente, em particular, para empresas do admirável mundo do marketing digital:

  1. Saber as Tendências
    Muito importante para mostrar as tendências relacionadas com determinada área ou negócio. Assim, sabe qual a onda que o público está a surfar no momento. Isto é extremamente útil para apresentar conteúdos que vão de encontro aos desejos/pesquisas das pessoas.
     
  2. Conteúdo 
    Aqui está, uma vez mais, o Conteúdo, um ponto essencial no Marketing Digital. Mostrando os termos mais pesquisados pelas pessoas, o Google Trends apresenta-se essencial para a criação de conteúdo e SEO.
     
  3. Comparação de Termos 
    Imagine que está a criar um artigo ou uma ação de marketing e não sabe se deve usar um termo ou outro: cão ou cachorro? Keyword ou palavra-chave? Saiba qual o termo que vale mais a pena usar.

Como utilizar o Google Trends?

É muito fácil. Tem onde apontar a morada? Ora bem, então aqui está: Google Trends. Agora, é explorar.

Na primeira página, por exemplo, encontra os temas que têm sido mais discutidos na Internet. Pode, também, pesquisar por termo ou ver os destaques.

Se quer estar a par do que se passa no mundo constantemente, então sugerimos que se inscreva no Google Trends e assine a newsletter. Acredite que se tornará numa ferramenta importante no seu dia-a-dia.

Google Trends Portugal | Quais as palavras mais procuradas no Google?

Aqui tem uma lista das palavras mais pesquisadas no Google, em Portugal, no último ano:

Ainda está a imaginar o Ângelo Rodrigues a ver um jogo do Flamengo com o Cameron Boyce enquanto tiram algumas dúvidas como o que é uma convulsão ou como saber onde votar, sendo que, depois, ainda vão ver um episódio de Game of Thrones?

Pois bem, este cenário agora não faz sentido. Hoje, 23 de Janeiro de 2020, o que faz sentido é ter o Robert de Niro e o Delonte West a verem um jogo do Canelas enquanto um estuda as Tabelas IRS 2020 e o outro se informa um bocadinho mais sobre o Coronavírus e o NOS Alive. Enfim, modas.

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o peso da vida

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Não é o meu peso. É o peso da vida comigo nela. Eu sou leve como um ser humano minúsculo neste mundo ínfimo neste universo infinito deve ser. Mas, perante a vida, perante a vida real, ganho um peso maciço que não é o meu. É o peso da vida, que é o peso das responsabilidades, o peso das decisões, o peso dos medos, o peso dos outros. E todos estes pesos, que não são meus, que são da vida, toldam-me os movimentos, amarram-me os braços e, tantas vezes, os desejos.

O peso da vida é-nos mais pesado conforme vamos crescendo, creio eu. Quando eu era criança, o peso da minha vida resumia-se ao medo da cama e à ansiedade para completar a caderneta do Mundial 94. Hoje, o peso da vida é-me pesado no trabalho, no amor, nos sonhos, na solidão e no futuro. No salário, nas contas para pagar ao final do mês, na formação de família, na mudança de casa, na criação de um espectáculo, na escrita de um livro, na reedição de outro, no aperfeiçoamento de um projecto, na urgência do tempo, na certeza de estar tudo certo.

Hoje, mais do que em qualquer altura da minha vida, creio eu, o peso da vida é-me asfixiante. E eu, sendo leve, voo, pesado, para a terapia, para o yoga, para apps de meditação, para o escitalopram e até para a astrologia. Só queria voar para mim mesmo, que é lá que está o que realmente importa, leve.

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cem anos de solidão

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“Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo. Macondo era então uma aldeia de vinte casas de barro e taquara, construídas à margem de um rio de águas diáfanas que se precipitavam por um leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos. O mundo era tão recente que muitas coisas careciam de nome e para mencionálas se precisava apontar com o dedo”.

Gabriel García Márquez

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ta, ma, sa

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Caralho ta foda, Caralhos ma fodam, Que sa foda. Quando estamos irritados, falamos mal, embora bem, português. Nunca dizemos Caralho te foda, Caralhos me fodam nem Que se foda. Dizer bem o se, o te e o me, nestes casos, seria desrespeitar a irritação que sentimos. E não é certo desrespeitar o que quer que seja. Falar mal, nestes casos, é falar bem. Está gramaticalmente errado? Que sa foda.

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não era fado-canção II

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Um tirinho até ao fim. Vão-se os sonhos e as danças, já não há rosa nem algodão, e as crianças só nas lembranças daquilo que lhes resta do coração. Já não há “beija, beija”, há “trabalha, trabalha, paga, paga”, e tudo não passa de tralha que se acumula e estraga na ida e volta do cacilheiro, e tudo parece metade porque, na verdade, nada é inteiro. Ele trabalhava, ela trabalhava, e a vida andava como deus queria (assumindo que deus existe além da eucaristia). Trabalho-casa, casa-trabalho, e o ganha-pão ganhava-migalha. No chão, um cão e um pirralho. Nos pratos, palha. “Mas tudo melhora”, dizia ele. “Vou lá fora fumar”. Ele não fuma, chora, ele estava a chorar. E ela, à panela, via a novela entre aventais. Ele voltava e ainda fumava, não fumava, chorava cada vez mais. Ele homem, ela mulher, um cão e um filho. Tudo perfeito, família, dinheiro, alegria. Só faltava premir o gatilho. Perfeição? Não, ironia. Ilusões desfeitas aos trambolhões assim que viram que a cidade, afinal, não lhes dava sanidade, pelo menos, mental. Mas era melhor viver doente, lutando, do que voltar ao antigamente, desistindo. “Cá ando”, dizia ela, “resistindo”. Estrangeiro? Talvez fosse solução, mas não havia dinheiro nem para pôr na boca de um cego uma canção. “Ai que saudades das festas e romarias, dos seus amigos que ele um dia cá deixou, porque lá fora as amizades são estranhas, há bem poucas alegrias para quem tanto trabalhou”. Não era fado-canção, era o passado do bailinho, do corridinho e do malhão.

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não era fado-canção I

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“Danças o bailinho, o corridinho e o malhão, valha ao menos isso para alegrar o coração”. Como se a noite fosse um dia inteiro. Tão lindo que era, tão puro que parecia mas, por puro que parecesse e por lindo que fosse, tinha amarrado ao coração o cabrão do fado. E tudo existia e tudo era triste e tudo era blá-blá-blá entre os pingos da chuva de uma dança, de um passo à frente, de um passo ao lado, de um sorriso que, de vez em quando, era preciso, mas que não era sorriso nem era estado. De toda a maneira, ouvia-se Dino Meira. E a felicidade, ou lá o que é essa coisa intermitente que nos sinaliza a vida, lá andava de mão em mão, de ombro em ombro, de anca em anca. Um aproximar de boca, um fugir de vinho, e ela louca, e ele, devagarinho, acompanhando a dança, e uma criança ou duas ou dezenas delas corriam pelo alcatrão, e ouviam-se beatas que tricotavam as vidas escondidas dos donos dos pés que pisavam o chão. Havia luz e escuridão, pipocas e fritos, bifanas e gritos, joões e joanas, sebastiões e anas e nomes que não rimavam, mas que eram nomes de crianças que corriam e brincavam e se escondiam na igreja e ouviam “beija, beija” e coravam e sorriam e beijavam a boca de cada um. A dela sabia a rosa e a dele, em poesia feita em prosa, sabia ao doce do algodão mas, no fundo, bem à flor dos dentes, sabiam as duas bocas às bocas pré-adolescentes com travo àquela coisa da paixão. Coisa mais linda, mais pura e mais mais que havia entre aqueles dois seres tão seres que não seriam mais.

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não sei quando nasci

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Não sei quando nasci. Fui parido no dia 7 de Janeiro de 1985, mas acho que ainda demorei uns bons anos a nascer. Não sei quantos. Não sei muita coisa. Especialmente, não sei aquilo que sei. Duvido do que sei, quero eu dizer. E também duvido de saber.

A minha mãe está amarrada a mim desde que me desamarrei dela. E isso tem tanto de bom, como o cuidado e o mimo, como de mau, como o cuidado e o mimo. A minha mãe sente e chora antes sequer de eu sentir e chorar, e sente mais e chora mais mesmo depois de eu ter sentido muito e chorado muito. O meu pai é um pilar com sentimentos mais quietos e disciplinados. O meu pai também sente e também chora, mas o que sente só diz às vezes e o que chora não mostra. O meu irmão é o meu inverso e é por isso que eu gosto tanto dele. Mais novo, é ele quem manda e quem me ensina, é ele o racional e o pragmático. O que me explica nas calmas e o que me agarra pelos colarinhos, se for preciso. Eu sou o puto emocional que chora, escreve e faz teatros. O palerma que já tinha idade para ter juízo. Mais ao largo, tenho outra gente que me quer bem e que, tantas vezes, ignoro, algumas vezes, sem querer.

Quero sempre mais do que tenho e mais do que sou, tenho ânsias e sou medricas. Amo em exagero e odeio em fúria, tanto estou nas nuvens como na lama. Tenho um horror pavoroso à morte e uma ansiedade assustadora ao dia. Não sei viver o presente e apetece-me, algumas vezes, não viver de todo. Mas finjo bem, parecendo um tipo calmo, alegre e decidido. Sou, algumas vezes, feliz, culpa, quase sempre, da arte e de um ou outro sorriso matinal. Não creio em nada, odeio o ginásio e o meu prato preferido é bolacha maria com manteiga. O meu terapeuta diz que escolher é excluir e eu dou por mim sem escolher, excluindo.

Tenho alguma esperança nas merdas, apesar de tudo. E, contra o que penso, sinto que há coisas boas por nascer. Hoje, faço 35 anos e, na verdade, ainda não sei se nasci.

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josé carlos

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, com as mãos nos bolsos e os pés em todo o lado, José Carlos desconcertava os nervos dos outros. Mas já era normal. José Carlos é que não era. Ou talvez fosse, não se sabe, é impossível saber-se. Era visto como o maluquinho da aldeia, e ganhou esse estatuto pelo simples facto de fazer as coisas de forma diferente do resto da gente. Muito diferente. Sentia uma adoração imensa por Afonso, uma adoração de amigo impossível de descrever, uma adoração de sangue do mesmo sangue, uma adoração de carne da mesma carne. Para isso, bastou não ser desprezado por Afonso, bastou que Afonso fosse o único a falar com ele sem se preocupar com o que as outras pessoas fossem pensar, fosse o único a brincar com ele sem qualquer tipo de gozo mal-intencionado, fosse o único a ouvi-lo quando ele precisava de falar, fosse o único a dar-lhe de comer, de beber e de vestir sem uma única réstia de caridadezinha achada superior, fosse o único a ser amigo dele, amigo mesmo amigo. O único. O seu nome revelava a sua maior anormalidade, a tendência para saber todos os poemas do poeta. De cor. Para ele, era sempre tarde, tão tarde, que a boca nunca tardava a dizer o que sentia, e o que sentia, dava-lhe um ar de um bando de pardal à solta, o puto, o puto. Já não era novo, mas a idade não era para ali chamada. Falava sempre em poesia, para este, para aquele e para todos os que não existiam. Inventava mundos e universos, via coisas e não via outras. Dançava nas ruas, corria que nem um louco, chorava que não era pouco. Ajoelhava-se perante qualquer mulher e dizia, meu amor, meu amor, meu nó de sofrimento, minha voz à procura do seu próprio lamento. E corria, corria, como um cavalo à solta, com um travo de sabor a laranja amarga e doce na mente, e uma coragem imensa de correr contra a ternura no corpo. Estava vestido com roupas que não lembravam ao diabo. Uma camisa de um naipe, as calças de outro. A roupa não jogava a bota com a perdigota. Mas ele pouco se importava. O mundo era-lhe imenso e ele era feliz assim. Feliz na sua tristeza tamanha de não pertencer àquele lugar, mas de não haver outro a que ele pertencesse tão bem como àquele. Tinha o seu mundo, diziam que ele era chalupa, maluquinho, louco, estroina, palerma. Diziam tudo mas, na verdade, pouco se sabia. Ele era isto, ele era aquilo. Ele era tudo o que diziam, por inveja ou negação, cabeçudo, dromedário, fogueira de exibição, teorema, corolário, poema de mão em mão, lãzudo, publicitário, malabarista, cabrão. Era tudo o que diziam, poeta castrado não. Apenas louco,

lágrima | romance – 2015

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origens

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Hoje, fui às origens, ao alto da serra com cheiro a verde e a frio. Antes do almoço, a tasca do senhor Zé não tinha ninguém. Entrou o meu primo, entrei eu, entrou o João, a Beatriz e a Clara. Tantos e o senhor Zé e a sua mulher atrás do balcão. Minis e martinis. Ela fugiu mal viu a máquina fotográfica, ele ficou sem medo, embora a custo para se manter em pé. Conversas da terra e de quem éramos, de onde, netos de quem, do Álvaro, dissemos nós. O Álvaro… fomos a tantos bailes… disse ele. E contou, e ouvimos. E entrou mais gente que sorriu e ajudou a servir e a sorrir também. Tasca velha, com calendários da Nossa Senhora e da Super Bock, paredes de cimento e trabalho duro nas mãos. Fim de manhã nas origens no alto da serra, onde o meu avô falou pela voz amável e clarinha do senhor Zé.

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pernas caladas

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Pernas caladas, seguras, paradas,
olhadas, maduras, beijadas,
ausentes, insanas, carentes,
presentes, mundanas, doentes,
amadas, infindas, suadas,
dançadas, bem-vindas, sonhadas,
sozinhas, quietas, rainhas,
mindinhas, poetas, branquinhas,
vincadas, mordidas, tocadas,
voadas, perdidas, achadas,
imensas, poucas, intensas,
doenças, loucas, sentenças,
deitadas, violentas, cruzadas,
aguadas, sedentas, blindadas,
vividas, breves, sofridas,
sentidas, leves, fodidas.

Pernas legendadas de palavras banais,
pernas caladas que falam demais.

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a minha avó

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Hoje, faz anos a minha avó. A minha avó já não existe. Foi embora quando eu era pequenino. Morreu. Mas não morreu muito (morre-se muito quando não se é lembrado). Esta é a única lembrança que eu tenho da minha avó. E, mesmo ou sendo única, faz-me lembrá-la muitas vezes. Eu deitava-me numa manta feita de retalhos e a minha avó puxava-me e levava-me a ver o mundo inteiro naqueles poucos centímetros que ela conseguia percorrer comigo ao colinho da manta. Hoje, é de um só retalho a lembrança que tenho da minha avó. Mas continuo a viajar graças a ela. Deitado com ela dentro. Obrigado, avó. E parabéns.

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silvino

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Silvino foi um homem às direitas, como o seu punho, que acertou em cheio no meio milhão de chicos-espertos que tiveram a ousadia de piscar o olho à senhora sua esposa que, por muito boa esposa que fosse, por muito boa roupa que passasse e por muito boa comida que cozinhasse, lá, de vez em quando, se aperaltava em excesso dos cabelos às pontas das unhas, da mini-saia ao decote, e desafiava o mais desconchavado coração que se babasse nos olhos de qualquer palerma. E ele não gostava disso.

Pudera. A mulher era dele, os cabelos eram dele, as unhas eram dele, a mini-saia era dele e o decote era dele. Eram da mulher, mas eram dele. Só ele podia olhar. E o punho que escangalhava os queixos dos habilidosos que, distraídos, se concentravam naquelas relíquias empinocadas, também era dele. Era dia sim, dia também. Noite sim, noite também. E, à tarde, também havia forrobodó. Sem alarido, que o povo é sereno. E Silvino também era, só o punho é que não. Ninguém consegue ter controlo total do seu corpo. Há quem não controle o coração, há quem não controle o punho. Aquilo acontecia-lhe assim sem mais nem menos. Sem quês nem para quês. Era com cada bujarda que o café estremecia, a televisão mudava de canal e o canal mudava de apresentador. Era impressionante.

E impressionante foi também a cabeçada que ele deu na esquina da mesa onde um copinho de uísque e um jornal se acompanhavam. Foi ela que o matou. A esquina. E os outros uísques que emborcava como quem limpava atrevidos. Eram às dúzias, às centenas, aos milhares. Naquele dia, bebeu um a mais e caiu. Deu-lhe um aperto no coração e um desaperto na boca. Soltou a língua, fraquejou as pernas e lá foi ele, com a cabeça direitinha à esquina da mesa. A pancada foi seca, apesar da vesícula encharcada. Lançou um grito mudo e catrapumba. O café parou. A televisão não mudou de canal e o canal não mudou de apresentador. Acabou-se o Silvino.

lágrima | romance – 2015

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o futuro próximo

Comentários fechados em o futuro próximo teatro

Lisboa, Teatro Nacional D. Maria II, ano três mil e tal, pelo menos, pelo que se mostrava em palco. Personagens anestesiadas de vida à procura da morte. É isto que se passa nesta peça que vai do nojo à poesia, do transe ao osso. Este Futuro Próximo é uma bizzaria que nos desconcerta do princípio ao fim da história (que nem é o princípio nem o fim da história toda). Há riso, choro, merda, amor, ilusão, melodia, repulsa e morte. Há muito de entranhas nesta peça futurista que, na sua essência, nos fala de nós e da nossa relação com os outros – mas mais ainda da nossa relação connosco. Lisboa, Teatro Nacional D. Maria II, dois mil e dezanove.

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as intermitências da morte

Comentários fechados em as intermitências da morte primeiros parágrafos

“No dia seguinte ninguém morreu. O facto, por absolutamente contrário às normas da vida, causou nos espíritos uma perturbação enorme, efeito em todos os aspectos justificado, basta que nos lembremos de que não havia notícia nos quarenta volumes da história universal, nem ao menos um caso para amostra, de ter alguma vez ocorrido fenómeno semelhante, passar-se um dia completo, com todas as suas pródigas vinte e quatro horas, contadas entre diurnas e nocturnas, matutinas e vespertinas, sem que tivesse sucedido um falecimento por doença, uma queda mortal, um suicídio levado a bom fim, nada de nada, pela palavra nada.”

José Saramago

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bestas de lugar nenhum

Comentários fechados em bestas de lugar nenhum primeiros parágrafos

“Começa assim. Sinto comichão como insecto que rasteja na pele, e depois cabeça começa a picar mesmo no meio dos olhos, e depois quero espirrar porque o meu nariz comicha, e depois bufa ar no ouvido e ouço uma data de coisa: tique-tique de insecto, ronco de camião como animal, e depois alguém que grita ÀS VOSSAS POSIÇÕES JÁ! RÁPIDO! RÁPIDO! RÁPIDO! TUDO A MEXER! TOCA A ANDAR OH! com voz que raspa no meu corpo como faca”.

Uzodinma Iweala

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é urgente

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é urgente
pássaros que não caibam em gaiolas
corpos que não caibam em caixões
mortes que não caibam em pistolas
cravos que não caibam em espingardas
mãos que não caibam em esmolas
notas que não caibam em carteiras
sonhos que não caibam em lembranças
brinquedos que não caibam em crianças
palavras que não caibam em dicionários
gritos que não caibam em paredes
cravos que não caibam em lapelas
cores que não caibam em aguarelas
olhos que não caibam em janelas
cães que não caibam em trelas
fodas que não caibam em silêncios
vidas que não caibam em orações
versos que não caibam em canções

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um poema

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Fiz um poema inspirado no meu gato. Espero que gostem:

Eu tinha um sofá
Eu tinha uma jarra
Eu tinha uma cadeira de pele
Eu tinha livros numa estante
Eu tinha cordas na minha guitarra
Eu tinha cabos de internet
Eu tinha cabos de televisão
Eu tinha cabos de computador
Eu tinha cabos, ponto
Eu tinha duas pernas
Eu tinha dois braços
Eu tinha tapetes
Eu tinha cortinas
Eu tinha roupa no armário
Eu tinha um copo em cima da mesa.

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portugal, um problema

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Sol, praia, serra, chuva, neve, comida, bebida, cultura e gente boa. Portugal tem tudo, só não tem estrume que chegue para fertilizar o que cá está. Para ser melhor, para ter um futuro mais forte, feliz e saudável, Portugal precisa de mais estrume.

Precisa de mais Casas dos Segredos, mais cabelos rapados de lado com crista em cima, mais Schwarzeneggers de ginásio, mais 760-100-200, mais condutores na faixa do meio, mais folhas Excel, mais formulários nº 102/4 alínea D de 2003 e troca o passo, mais sushis no Facebook, mais pores-do-sol no Instagram, mais comentadores de futebol e de política e de economia e de coisa nenhuma, mais anúncios da dona Alice a abrir o Intermarché a meio da noite para ir buscar o leite ao Joãozinho, mais playback, mais frases do Paulo Coelho, mais beatas no chão e na missa, mais óculos às cores, mais cantores de domingo à tarde, mais submarinos e Tecnoformas e Freeports e Montes Brancos e BES e BPNs, mais Apitos Dourados, mais condutores de fim-de-semana, mais narizes empinados, mais mamas descaídas, mais greves do Metro e da Carris e da TAP e dos táxis e dos enfermeiros e dos professores e dos médicos e de todo o tipo de funcionário público que existe ou está por existir, mais férias judiciais, mais tatuagens com caracteres chineses, mais hamburguerias gourmet-retro-chiques, mais equipas do Sporting, mais tudo o que é mau e nos chateia.

E nós, os tugas, só chateados, com os nervos à flor da pele e o sangue à flor dos olhos, é que conseguimos fazer alguma coisa. A padeira não deu uma coça aos castelhanos por estar feliz da vida, mas porque os sacanas dos nuestros hermanos lhe interromperam a cozedura do pão. O Infante Dom Henrique não “saiu” de Sagres porque estava cansado de estar na praia de papo para o ar a ver inglesas, mas porque não admitia que o mundo poderia acabar no Algarve. O Ronaldo não ganhou cinco bolas de ouro por ter tudo o que qualquer comum mortal ambiciona durante toda a sua vida, mas sim porque o Platini, o Blatter e o Messi dão cabo da paciência (e dos rins, no caso do Messi) a qualquer um.

Precisamos de estrume para ficarmos chateados. Precisamos de estrume para fertilizar a nossa vontade. Para existirmos, para agirmos. Nós não existimos, resistimos. Nós não agimos, reagimos. E é esse prefixo (Re – Re – Rrrr!!!) que não renegamos e nos renasce renascendo connosco, é esse prefixo que nos reencaminha num regresso ao passado, é esse prefixo que faz de nós reis do reino dos recordes do Guinness. Somos uma espécie de rebanho em refogado a redescobrir coisas que, pelo prefixo, já estavam descobertas. Deixemos as redescobertas onde estão, recordemo-las, mas apenas isso. Está na altura de descobrir. Não o que existe lá fora, mas o que existe em cada pedaço das nossas entranhas (e é sabido que, tecnicamente, as nossas entranhas não são mais do que estrume).

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as dores dos outros

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Quando pensamos em sem-abrigo esfomeados, criancinhas doentes ou velhos sozinhos para conseguirmos superar as nossas dores, não estamos a sentir nem amor nem empatia nem compreensão. Quando pensamos em sem-abrigo esfomeados, criancinhas doentes ou velhos sozinhos para conseguirmos superar as nossas dores, estamos a sentir prazer. E esse prazer é, como todo o prazer que há, egoísta. Estamos preocupados connosco, com as nossas dores, não com eles, com as dores deles. Estamos a usar os sem-abrigo esfomeados, as criancinhas doentes e os velhos sozinhos. Eles são aquele banquinho para chegarmos à última prateleira (e nem sequer está lá nada). As dores dos outros ajudam-nos a combater a nossa, servindo de alavanca para a esperança que temos em nós, não nos outros. Portanto, “se aquela criança tem cancro e está a rir, eu também posso rir e brincar e ser feliz, não tenho razão para não o fazer, há quem esteja bem pior do que eu”, não. Deixemo-nos disso. Não faz sentido mentir. Não há dores iguais e, comparando, não há dores comparáveis. Cada um tem as suas, cada um sofre as suas. Não vamos fingir que nos preocupamos genuinamente com os outros quando estamos assim e não vamos fingir que ficamos genuinamente melhores quando os usamos. É mentira. A dor não acompanha o fingimento. As dores doem mais se forem nossas e se, nossas, as sofrermos sozinhas. Mas só assim é que elas podem deixar de ser o que são. Em verdade.

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o palhaço

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Os balões, as flores e os narizes vermelhos faziam agora parte de um passado que ele queria esquecer. Apesar de todas as gargalhadas que ouvia sempre que subia a palco, ele, o palhaço do seu circo, invertia o que ouvia em sentimento. Todas as noites, vestia-se de cores em forma de roupa e lá ia ele. Actuava sempre depois do domador de leões e antes da trapezista. Mas ele era o único que se sentia desequilibrado sempre que olhava de frente o animal selvagem que era a sua vida. No fim, depois da felicidade (a dos outros), enfiava as mãos nos bolsos e as ideias no chão. Tinha riscos azuis, brancos e vermelhos a escorrerem-lhe dos olhos. Não deveria ter saído dali sem se desmaquilhar. Não deveria ter saído dali a chorar. Mas ele era um palhaço. A felicidade era o seu trabalho. A tristeza era o seu descanso.

pequenas estórias de muitas vidas | livro de contos – 2014

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ele e ela

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Estes são o meu tio António e a minha tia Fernanda, embora nunca tenham sido, para mim, nem António nem Fernanda. Estes são o Quicoino e a Nhanha. Ela morreu em 2002. Ele tem morrido aos poucos desde 2002. Ele existe, ainda, e ela também, num lugar diferente. Ele com muitas saudades dela, ela lá longe de nós. Ele choraminga sempre que a lembra, faz beicinho e limpa os olhos com as mãos enrugadas e duras e já fechadas sobre si mesmas. Solta um suspiro e tenta arranjar mais um bocadinho de ar para continuar neste lado sem ela. Tem conseguido. Ela enchia-me de mimos e eu roubava-lhe Ferreros Rocher. Ele tocava trompete e deixava-me chateá-lo enquanto dormia na espreguiçadeira. Foram-me tios por grau e avós por coração, tantas vezes pais. Hoje, o Quicoino está cansado e triste pelas saudades que nunca deixou de ter dela. Ela, a Nhnanha, tem a gargalhada estridente em cada memória que ele traz à conversa. Ele a preto e branco, ela a cores. Ele e ela, dois amores.

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laurindinha

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Ela passava o dia à janela. Viu o seu amor ir para a guerra e não o viu voltar. Mas esperava por ele como quem espera pelo futuro. Vem amanhã, vem amanhã, sempre amanhã, só amanhã. Os passarinhos eram a sua companhia. Empoleiravam-se no parapeito e ela empoleirava-se nos peitos deles. Para onde eles olhassem, ela olhava também. À procura dele. Mas ele não vinha, já se sabe. Sabia de cor todos os passos de todas as pessoas da aldeia. As horas a que saíam de casa, as horas a que chegavam, as horas a que se demoravam na praça, na florista e na escola. Dizia olá a quem vinha, dizia adeus a quem ia. Anotava brigas e negócios, encontros e desencontros. Assistia, do terceiro anel do seu parapeito, às jogatanas de rua onde as pedras eram postes de baliza. Marcava faltas, gritava, incentivava, fazia claque. Os putos não lhe ligavam patavina.

Laurindinha não era velha nem era nova. Tinha a idade do tempo e vivia bem com isso. Não se queixava. Era o bibelô da aldeia, o naperon em cima daquela antiga televisão que era a sua casa, uma casa a preto e branco com dois canais e sem comando à distância. À distância, só o seu amor.

lágrima | romance – 2015

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na minha língua

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Sei do seu sabor na minha língua,
do seu cheiro no meu corpo que tremia
(ainda treme ao saber da sua mão!)
que deu pele à sua boca que descia
e pecado ao meu ventre que sentia
o vir da pele direito ao coração.
São tão frágeis estas veias neste sangue,
foi tão cedo para ser tão ser aflito
que gemeu,
estremeceu
e morreu
ou virou grito.
Não sei se o que sinto ainda agora
é da fome que ela trazia presa à boca
e que, viva, na minha ainda mora
como coisa impaciente que demora…
Coisa maldita, doida tão louca!
Ou terá sido outra coisa que não digo?
Outra coisa que não a realidade?
Não sei, mas sei dela aqui comigo,
deitada no lençol desta saudade.

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seios, peitos, belezas puras

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Seios, peitos,
belezas puras,
seres tão perfeitos
em desventuras!
Chuchas, tetas,
sonhos de deus,
redondas setas subindo aos céus.
Montes serenos, montanhas nuas,
grandes, pequenos, paisagens tuas.
Lírios, marmelos, flores de jardim
que eu, só de vê-los, quero para mim.
Faróis que ferem aos meus gemidos,
bemóis que querem ser sustenidos.
Docinhos gomos na minha boca,
suores que fomos, e tu tão louca
que assim ficámos, de mão na mão.
Tanto suámos, que o coração
era dos dois, mas no teu peito,
antes, depois, de qualquer jeito,
bate mais forte, mais sem rodeios,
mais do que a morte, vejo os teus seios.
E eu, um pelintra (ou lá como me chamas)…
Tiras-me a pinta e eu beijo-te as mamas.

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lamento, lili

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Lamento, Lili, mas estar vivo não é o contrário de estar morto. A morte não é um estado. Não se pode estar na ausência. Estar pressupõe vida, continuidade, existência. Estar morto é uma contradição. Morre-se e pronto, não se está morto. Não se está, ponto. Estar vivo não é o contrário de nada. Estar vivo, simplesmente, é. Estar morto não é.

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o porteiro de passagem

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Eu não o vejo, ele não me vê. Não sei quem é, não sabe quem sou. Mas ele sabe que eu vou, que passo por ele sem parar, ao entrar e ao sair. Não faz, nem faria, sentido ficar. Ele está ali para ver passar, e eu nem chego a estar.

Todas as quartas-feiras de todas as semanas, dois minutos antes das sete, toco à campainha e passo. Digo-lhe boa tarde e espero pelo elevador. Ele responde de volta, como um eco, e espera por ninguém. Está ali, quieto, olhando, quieto, estando.

É sempre, todas as quartas-feiras de todas as semanas, a última, dois minutos antes das sete, e a primeira, oito minutos antes das oito, pessoa que me liga à realidade dos outros. No quarto piso, tenho terapia. Lá, a realidade é a minha, só a minha, escura, sombria e funda de mão dada com quem visita comigo esse meu lugar.

Subo ao rés-do-chão, vindo do quarto piso, e ele lá continua. Não sei quem ele é, não sabe quem eu sou. Mas ele está, sempre, faz parte do processo de entrada e de saída do Inferno. De passagem.

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Somos um país muito lindo, com muito sol, muita praia, muito campo, muita gente simpática, muita comida boa e muitos turistas. E o nosso turismo não tem nada que ver com isto. Marketing turístico digital é uma coisa que não lhe assiste.

Navegação à vista

Houve tempos em que demos “novos mundos ao mundo”. Hoje, temos dificuldade em que esses novos mundos conheçam o nosso. Da navegação em mar alto, passámos para a navegação na web. E é precisamente aí que metemos água.

A navegação à vista designa-se por uma navegação de acordo com as circunstâncias, sem ciência. Pois bem, é precisamente isso que acontece. É verdade que temos muitos turistas, é verdade que estamos a crescer nessa área e é verdade que estamos fartos de receber prémios para todos os gostos e feitios. Mas também é verdade que a entidade responsável pelo turismo em Portugal não tem nenhum mérito nisso.

85% de toda a navegação web começa no Google. No entanto, as keywords mais relevantes para a promoção do nosso país não aparecem em nenhum activo digital nacional. Portugal, como destino, não aparece pelas principais pesquisas em nenhum país do mundo. Quer dizer, na verdade, aparece, mas com anúncios pagos, que apenas contribuem para uns míseros 6% de cliques. Isto significa que estamos a perder milhões de visitas, graças ao nosso fraco (quase inexistente) marketing turístico digital.

Publicidade para inglês ver: milhões de euros em adwords para promoção do Turismo em Portugal

Sim, são milhões de euros em publicidade imediata e não pensada, daquela para inglês ver. Sim, mas só aquele inglês que não tem Internet.

A nossa entidade responsável pelo turismo prefere os flyers às keywords, prefere o fogo-de-artifício ao SEO. Keywords como “things to do in Lisbon” não têm força no digital, não têm qualquer credibilidade orgânica. Isto significa que qualquer pessoa consegue colocar esta e muitas outras keywords na primeira página de resultados de pesquisa, para o mundo inteiro, apenas por um artigo de opinião. E isto acontece porque essa tal entidade cujo nome não pode ser pronunciado não faz o trabalho que deveria fazer, não faz o mínimo esforço de marketing turístico digital nem elabora uma simples estratégia de posicionamento orgânico.

Os conteúdos são fracos e a arquitetura e o link building dos mesmos não existe. Há muito por melhorar e por trabalhar. A concorrência é forte, mas é possível. Temos é de meter mãos à obra, que é como quem diz, à web.

Marketing Turístico: o Triunfo da (falta de) Vontade (Política)

Ora, o Estado é muito bom a meter a mão. Também não é mau em obras, desde que essas obras sejam autoestradas e estádios. No que respeita a meter a mão na web é que a porca já torce o rabo. Não há vontade política. E, sendo o governo a mandar na tal entidade, bem, já sabemos o que acontece… Um mandato dura quatro anos, pouquíssimo tempo para quem quer ter resultados imediatos. Uma estratégia de marketing turístico digital tem o seu tempo de implementação e demora o seu tempo a atingir resultados. Investir em SEO será sempre investir a médio/longo prazo, o que não se apresenta como muito apetecível para quem quer resultados agora e apenas agora.

Na promoção turística do país, tal como nas áreas da Saúde e da Educação, seria benéfico um plano de continuidade multipartidário a longo prazo, coisa que ahahahah – desculpem o riso, mas isto é Portugal. Quando é que, alguma vez, fizemos alguma coisa estruturada com vista a um médio-longo prazo?

Não há coordenação, não há gente suficiente, não há formação técnica, não há vontade. Há tipos de calças bege e camisa azul que se encontram num rooftop a beber gin e a decidir que o Algarve deve chamar-se ALLgarve e que devemos ter vistos gold para chineses. É esta a política oficial dos nossos responsáveis (também) turísticos.

“Então, mas isto tem funcionado. Temos cada vez mais turistas, estamos sempre a ganhar prémios, toda a gente fala bem de nós lá fora”, diz o caro leitor. E diz muito bem, o caro leitor. Parabéns pela sua observação. Mas não é graças aos responsáveis de turismo do nosso país que isso acontece. A promoção de Portugal está nas mãos de bloggers e influencers amadores, que têm a capacidade de opinar e influenciar com grande alcance, ocupando as primeiras páginas do Google. E não podemos deixar o nosso marketing turístico digital exclusivamente nas mãos de amadores. Até porque não deve ser da sua responsabilidade.

Voo para Portugal: porta de embarque lowcost

O que nos tem safado, muitas vezes, são as companhias aéreas lowcost, que, através dos preços baixos dos bilhetes, fomentam o turismo para o nosso país. Obrigado, Ryanair! Obrigado, Easyjet! Obrigado, Transavia! Obrigado, Vueling! Obrigado, FlyBe! E obrigado aos empresários que investem no país a nível de infraestruturas e condições para bem receber. São eles que, sem terem de o fazer, dão boleia a quem manda nisto tudo. A solução está em criar uma estratégia de marketing digital bem feita, com SEO, keywords, analytics e por aí fora. Com critério e com alvos bem definidos. E, claro, com muito sol, muita praia, muito campo, muita gente simpática, muita comida boa e muitos turistas.

publicado na Bluesoft

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o joker somos nós

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Arthur Fleck é um homem sozinho, triste, desapontado, deslocado, marginal, louco, puro e real. Arthur Fleck é Joker. O Joker somos nós.

Arthur Fleck não encaixa na sociedade. É um homem que grita sem ser ouvido, e, precisamente por gritar sem ser ouvido, grita para dentro de si, onde faz eco, pois o dentro é tão grande e tão vazio. E o vazio ocupa-lhe tanto espaço que, quando inflama, sai por todo o lado e atropela toda a gente. Pela boca, pelos olhos, pelos dedos, quem ama, quem odeia, quem não conhece.

É por isso que Joker, o filme (e Joker, o palhaço) nos deixa tão desconfortáveis. Joker, o palhaço, sofre da doença de rir em descontrolo, mesmo em momentos inoportunos. Joker, o filme, faz-nos rir em descontrolo, mesmo em momentos inoportunos. Quando ele ri no metro, quando ele vai contra a porta no hospital, quando ele mata em casa. É nestes momentos, e em tantos outros, que vestimos a pele (e a doença) de Joker, o palhaço. Rimos, metemos a mão à frente da boca e pedimos perdão pelo riso. É isto que acontece. Sempre. Por nos sentirmos a trair os nossos alicerces do bom e do mau, por não os sabermos distinguir e, até mesmo, por os negarmos.

Joker, o palhaço, faz o que grande parte de nós, em algum momento, em algum lugar, gostaria de fazer – por se sentir deslocado, por não poder mais. Joker, o palhaço, vai lá aquele sítio sombrio da nossa cabeça e diz olá. E nós adeus, dizemos olá de volta e ficamos nestas voltas inquietas à volta de nós mesmos. Isso incomoda-nos. Não gostamos que se saiba, não queremos que ninguém saiba. Mas sentimos, muitas vezes, o mesmo e temos, muitas vezes, o medo.

Olhamos Joker, o palhaço, e olhamo-nos ao espelho – e lá estamos nós, carregadinhos de maquilhagem. Joker, o filme, é uma obra-prima porque nos agarra pelas entranhas e faz o que quer com elas e connosco, porque nos inquieta e nos engana, porque nos atira à cara com uma prestação brilhante de Joaquin Phoenix – o Óscar não chega. Joker, o filme, brinca connosco. Joker, o palhaço, é o brinquedo. Somos nós a piada. O Joker somos nós.

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alterações climáticas

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Calma, nem nós somos a Greta nem isto é a ONU. De qualquer forma, tome atenção ao que lhe vamos dizer: como se atreve a querer ser uma marca green se não trabalha com a Bluesoft?

Pois é, isso é muito grave. Quase tão grave como o estado de emergência climática a que o nosso planeta chegou … Quer dizer, talvez não seja assim tão grave. Bem, é óbvio que não é assim tão grave. Está longe de ser assim tão grave.

É só um bocadinho grave, vá. Agora fora de brincadeiras, a Greta pode ter aquele ar de miúda irritada com a vida, mas a verdade é que ela tem toda a razão para ser uma miúda irritada com a vida. O planeta parece estar a dar as últimas. E a culpa é nossa.

Como é que a Bluesoft pode salvar a sua marca?

A boa notícia é que podemos mudar isso. A sua marca pode mudar isso. Sim, a sua marca pode mesmo salvar o planeta. Como? Já lá vamos. Antes, um breve apanhado da actualidade.

Hoje em dia, não há marca que não queira ser green, amiga do ambiente, eco-friendly, sustainable lifestyle lower carbon footprint cenas… Seja o que for que transmita alguma preocupação ambiental, as marcas querem ser. Muitas até já possuem departamentos de sustentabilidade ambiental para trabalharem nesse sentido. E bem!

Marcas e Consumidores: Match Ambiental

As marcas querem convencer os consumidores de que são amigas do ambiente. Os consumidores querem que as marcas sejam amigas do ambiente. Isto dá match. Vai buscar, Tinder.

Mas atenção. Se a sua marca quer mesmo salvar o planeta, então não pode ficar apenas pela persuasão dos consumidores. Se a sua marca quer mesmo salvar o planeta, então tem, realmente, de ser green, amiga do ambiente, eco-friendly, sustainable lifestyle lower carbon footprint cenas

Qual é a Pegada Ecológica da sua marca?

Comece por levantar os pés da sua marca e ver qual a pegada ecológica que está a deixar no planeta. É grande? Pequena? Assim assim? (Estamos a falar da pegada da sua marca, não desfoque). Pode mudar alguma coisa? Se sim, o quê? Qual a perspectiva de mudança? Demorará muito tempo? Quanto? Quais os custos? Bem, você sabe bem as perguntas que deve colocar.

Meio ambiente, Sustentabilidade ambiental e Marketing Digital são a Solução

Colocadas essas perguntas, trate de lhes dar respostas. E nada de malabarismos. Hoje em dia, é muito fácil descobrir um chico-esperto que diga que vai fazer isto e aquilo na sua marca mas que, na verdade, só está ali para se aproveitar da onda (que será cada vez maior por causa do degelo no Ártico e na Antártica). O segredo é ser green, amiga do ambiente, eco- friendly, sustainable lifestyle lower carbon footprint cenas mas agir como tal.

O consumidor actual não se foca tanto em produtos, serviços ou preços. O consumidor actual foca-se em experiências com significado. O consumidor actual tem, cada vez mais, uma reforçada consciência cívica, social e ecológica. O consumidor actual não compra produtos, compra a mudança que quer ver no mundo. Escrevemos muitas vezes “consumidor actual”? Pois bem, é porque é quem realmente importa.

Segundo um estudo da Tetra Pak, em 2017:

  • 85% dos consumidores consideram que a importância das questões ambientais vai aumentar;
  • 42% dos consumidores procuram, nos produtos, informações sobre o impacto ecológico do próprio produto;
  • 43% dos consumidores afirmam que uma embalagem ecológica torna mais provável a compra do produto, sendo que, destes, metade acreditam que isso aumenta o valor do produto.

É o Super-Homem? É o Batman? É a Greta Thunberg? Não, é a Bluesoft!

A sustentabilidade não é apenas uma preocupação ambiental. A sustentabilidade é uma oportunidade de negócio.

E é essa oportunidade de negócio que nós queremos que agarre. Não é fácil uma marca conseguir um posicionamento green, amiga do ambiente, eco-friendly, sustainable lifestyle lower carbon footprint cenas. Mas é possível. A educação ambiental é possível. E o maravilhoso mundo do Marketing Digital ajuda bastante. Nós, Bluesoft, enquanto empresa de referência no Marketing Digital, fazemos “o resto”, que é como quem diz, tudo.

As manifestações fazem-se na rua, mas também se fazem no digital. É lá que vamos colocar a sua empresa. De cartaz em punho e garganta afinada. Com a delineação de uma estratégia de SEO sólida, conseguimos posicionar a sua marca green na primeira página do Google pelas keywords green que as pessoas procuram (85% de toda a navegação começa no Google). E, sim, a página será reciclada, não se preocupe.

Identificamos, analisamos e estudamos o público-alvo da sua marca. Desenvolvemos toda a tecnologia à medida, de acordo com todas as boas práticas digitais de optimização com os motores de pesquisa (SEO – Search Engine Optimization). Desenvolvemos conteúdos orientados ao público-alvo e optimizados para uma máxima visibilidade orgânica.

Trabalhamos a reputação e marketing digital da marca: acompanhamento e optimização do website e lojas no online, redes sociais e todos os activos ou plataformas digitais. Tornamos a sua marca autoridade digital no seu sector de actividade.

Está na altura de salvarmos o planeta. Pelo caminho, ainda aproveitamos para salvar a sua marca. Sem lágrimas nem murros na mesa.

publicado na Bluesoft

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rugas

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Um lar de idosos é uma casa vazia e triste. Aqui, nesta história, é um poema, nunca deixando de ser uma casa vazia e triste. Emílio é velho e mora agora nesta casa, cheia de velhos e vazios como ele. Emílio não se lembra, pouco a pouco vai perdendo passado, vai esquecendo e vai deixando de existir. Mas vai lutando, tentando encontrar solução para o que não há, outro caminho para outro destino que não o único que existe. Uma luta triste, com sopa, medicamentos e solidões. Emílio tem o destino traçado, e Paco tem, nos traços, corações.

Uma história bonita sobre o outono da vida, sobre a melancolia fatal da realidade. Vazia e triste, porém, poema.

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regresso às aulas

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Há sempre uma altura do ano em que regresso às minhas lembranças do meu regresso às aulas. Foi há tanto tempo, parece ter sido agora. Estojo com canetas azul, preta e vermelha, um lápis, uma afiadeira e uma borracha verde ou vermelha com uma das pontas azul. A borracha nunca servia para apagar nada, mas sim para escrever ANDRÉ em letras grandes com o tipo de letra dos Metallica ou então BOSS bem vincado para que toda a gente visse a minha habilidade a inglês.

Os meus primeiros livros da escola eram envolvidos por uma capa semi-transparente com desenhos das Tartarugas Ninja. O único momento em que via a capa original era quando ia com a minha mãe comprar os livros à papelaria Jota. Em casa, lá se dedicava o meu pai à encadernação. Para não estragar e, também – essencialmente -, para não me assustar tanto. Pouco depois, a disciplina de Estudo do Meio tinha-se transformado no Donatello e no Leonardo a praticar artes marciais.

Dentro dos livros, as folhas que tinham toda a matéria para o ano, depressa se tornavam autênticos diários de pré-adolescente. Letras de músicas dos Nirvana e dos Ornatos preenchiam a parte rebelde, poemas do Ary dos Santos a parte mais coraçãozinha.

Sempre fiquei na primeira ou na segunda mesa, junto ao professor. Número dois ou número três. André Pereira. Presente. Sem fazer barulho, atento à aula e às miúdas novas. Voltava a escrever no livro. A aula acabava sempre cinco minutos antes de tocar a campainha. Esquecia a dos olhos verdes que os meus já desenhavam a equipa para os 10 minutos de intervalo. Não vou à baliza. A mochila faz de poste e é roda bota fora. Sonho real. Benfica, Rui Costa, Terceiro Anel, melhor em campo, capa de jornal. Toca a campainha para dentro. Bem pior que sofrer um golo. Regresso às aulas.

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